Assisti recentemente no cinema mais um filme de super-heróis, num filão que já se tornou, neste século, um estilo cinematográfico. Foi o primeiro filme de peso com uma protagonista feminina (se vc tirar Mulher Gato, com Halle Barry e Ghost in The Shell, com Scarlet Johanson da equação). Trata-se do primeiro longa-metragem com uma das personagens épicas dos quadrinhos: A Mulher Maravilha. E olha que demorou, demorou para que um ícone tão importante da cultura pop do século XX aparecesse no cinema num filme próprio. Claro que muitos vão falar aqui da primeira aparição da personagem no superestimado "Batman X Superman", de dois anos atrás, mas aquilo pareceu ser uma espécie de teste de mercado, de um certo prenúncio criativo, a fim de saber até que ponto um personagem feminino dos quadrinhos poderia segurar nas costas um filme próprio, e está aí o resultado.
Foi a primeira vez que um filme de grande orçamento, envolvendo a princesa amazona das histórias da DC Comics, estourava nas bilheterias, e com a película, veio toda a questão do empoderamento feminino, conquistando jovens mulheres no mundo todo, e uma nova geração que passou a se inspirar numa nova heroína.
Suas primeiras histórias nos quadrinhos. |
Quando garoto,a minha musa na TV. |
A ex-miss Israel, ex-modelo e ex-soldado do exército israelense não é uma atriz digna de Oscar. Ela não é uma sumidade de talento dramático como Meryl Streep e nem sequer uma jovem e oscarizada estrela como Jennifer Lawrence (que já fez de tudo, de heroína de "Jogos Vorazes" até a Mística em "X-Men"). Então, por que essa morena tão bonita surpreendeu tanto? Será somente por conta de sua beleza? O bom de Gadot, no papel da super-heroína clássica é sua humildade, e apego sincero ao papel e responsabilidade que lhe foi confiada, ao passar para novas gerações (principalmente de mulheres) o conhecimento sobre uma personagem consagrada para os leitores de Hqs.
Aliando beleza, inteligência e desenvoltura, Gal Gadot conseguiu inibir os mais críticos, seja quanto a sua inexperiência, com poucos papéis anteriores nas telas (vide "Velozes e Furiosos"), seja pelo seu preparo físico. Sim! Apesar de linda e atlética, com experiência em treinamento militar, a atriz israelense teve que escutar críticas e manifestações de intolerância, antes mesmo de assumir o papel. Muito desse buxixo deu-se por preconceito, face a experiência anterior da atriz como modelo e miss e mesmo seu histórico de jovem mãe de duas filhas. Eu li nas redes sociais que muitos (principalmente muitas) achavam que a atriz era magrinha demais, ou longilínea demais, para uma personagem que, por conta da força mitológica que possui, deveria ser mais "parruda" ou "popozuda".
Mais um ponto para Madame Gadot. Além de apresentar uma beleza física étnica, fora dos padrões europeus normais, e sem ter que ostentar o corpo de uma lutadora de UFC, a bela morena Gal conseguiu reunir um misto de força e sensibilidade no seu personagem que se aliam ao preparo físico e desprendimento diante das câmeras. Afinal, assim como a heroína dos quadrinhos, a Mulher Maravilha das telas é, sobretudo, uma guerreira defensora da paz e dos humanos, como uma Joana D'arc moderna, mas também uma mulher com forte formação cultural e filosófica, adquiridos mediantes anos de treinamento com sua mentora, a guerreira Antíope (no filme, na pele da atriz Robin Wright) e os ensinamentos de sua mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen). Sobre o pretexto de combater o Deus grego Hares, autor de toda guerra e destruição, a super-heroína de Gadot é um modelo ético de combate às tiranias, à barbárie e injustiça, o que é explicado didaticamente no decorrer do filme, o que justifica o fato da personagem ter abandonado a mãe rainha e a idílica Themyscira, Ilha das Amazonas, para se juntar a combatentes de diferentes nacionalidades contra a ameaça alemã, na I Guerra Mundial.
Assumindo com dedicação a responsabilidade por protagonizar um personagem tão importante das HQS, Gal Gadot e a competente diretora Patty Jenkins (do filme "Monster", premiado com o Oscar de melhor atriz para Charlize Theron), conseguiram realizar um trabalho razoável, que dignifica o talento das mulheres na sétima arte.
Não resta dúvida de que Jenkins é uma boa diretora que sabe conduzir atrizes para filmes que, de certa forma, revelam uma narrativa com temática feminina. Em termos de "politicamente correto", "Mulher Maravilha" trata de empoderamento, sem ser militantemente feminista (ao menos para algumas delas). Há até piadas sobre isso, num diálogo sobre a vida sexual das amazonas em Themyscira, ou a divertida aparição da personagem Etta Candy (a atriz Lucy Davis), a frágil e roliça secretária do coronel Steve Trevor (o ótimo ator Chris Pine), coadjuvante da heroína, que é o alívio cômico do filme, numa cena impagável (relatada já no trailler do filme), que sarcasticamente estabelece uma relação entre o emprego de secretária e a escravidão. Mas o que se destaca realmente no filme é de como uma mulher, uma única mulher, pode, literalmente, chamar pra porrada e botar marmanjos perigosos pra correr, como uma espécie de Ronda Rousey das antigas (antes, claro, de ser abatida por outra mulher: a brasileira e igualmente poderosa Amanda Nunes). Uma das melhores cenas do filme, e que viralizou imediatamente, é a já clássica cena da entrada no baile de Diana, sem seu uniforme de combate, vestindo um gracioso vestido azul, mas carregando nas costas sua poderosa espada "matadora de deuses", cujo cabo aparece por cima do decote. Tal imagem é emblemática e inspirou milhares de mulheres no mundo todo, que encheram a internet com fotos semelhantes, como uma espécie de imagem símbolo da combinação perfeita entre feminilidade e força. Com o filme de Gadot, posso dizer que todas podem (ou querem) ser uma Mulher Maravilha. Conheço ao menos duas, intimamente, minha mãe e minha esposa: duas Mulheres Maravilhas, duas super-heroínas!!
O filme de Jenkins só não é melhor por conta dos vilões, sofríveis, o que compromete ao menos 10 % do resultado final do filme, uma vez que uma personagem tão poderosa merecia ter um vilão melhor e mais à altura (a situação melhora no final do filme, dando coerência ao roteiro, mas não irei revelar por conta do spoiler). Fica faltando um contraponto feminino, uma nêmesis feminina e de grande maldade, antagonista da heroína que seja tão poderosa quanto ela. De qualquer forma, "Mulher Maravilha" é o típico filme de sessão da tarde que agrada (e muito), e que me faz lembrar outros filmes de Super-herói, que faziam a molecada vibrar nas cadeiras do cinema (como na época do Superman, de Richard Donner, em 1979, com o inesquecível ator Christopher Reeve interpretando o personagem principal).
Que venha, portanto, o filme da "Liga da Justiça", e com ele retorne um pouco mais da beleza, voz rouca e versatilidade de Gal Gadot. Nós, fãs de super-heróis, histórias em quadrinhos, e amantes do cinema, estamos esperando carinhosamente o retorno de nossa musa. Bem vinda ao século XXI, Mulher Maravilha!!
Não resta dúvida de que Jenkins é uma boa diretora que sabe conduzir atrizes para filmes que, de certa forma, revelam uma narrativa com temática feminina. Em termos de "politicamente correto", "Mulher Maravilha" trata de empoderamento, sem ser militantemente feminista (ao menos para algumas delas). Há até piadas sobre isso, num diálogo sobre a vida sexual das amazonas em Themyscira, ou a divertida aparição da personagem Etta Candy (a atriz Lucy Davis), a frágil e roliça secretária do coronel Steve Trevor (o ótimo ator Chris Pine), coadjuvante da heroína, que é o alívio cômico do filme, numa cena impagável (relatada já no trailler do filme), que sarcasticamente estabelece uma relação entre o emprego de secretária e a escravidão. Mas o que se destaca realmente no filme é de como uma mulher, uma única mulher, pode, literalmente, chamar pra porrada e botar marmanjos perigosos pra correr, como uma espécie de Ronda Rousey das antigas (antes, claro, de ser abatida por outra mulher: a brasileira e igualmente poderosa Amanda Nunes). Uma das melhores cenas do filme, e que viralizou imediatamente, é a já clássica cena da entrada no baile de Diana, sem seu uniforme de combate, vestindo um gracioso vestido azul, mas carregando nas costas sua poderosa espada "matadora de deuses", cujo cabo aparece por cima do decote. Tal imagem é emblemática e inspirou milhares de mulheres no mundo todo, que encheram a internet com fotos semelhantes, como uma espécie de imagem símbolo da combinação perfeita entre feminilidade e força. Com o filme de Gadot, posso dizer que todas podem (ou querem) ser uma Mulher Maravilha. Conheço ao menos duas, intimamente, minha mãe e minha esposa: duas Mulheres Maravilhas, duas super-heroínas!!
O filme de Jenkins só não é melhor por conta dos vilões, sofríveis, o que compromete ao menos 10 % do resultado final do filme, uma vez que uma personagem tão poderosa merecia ter um vilão melhor e mais à altura (a situação melhora no final do filme, dando coerência ao roteiro, mas não irei revelar por conta do spoiler). Fica faltando um contraponto feminino, uma nêmesis feminina e de grande maldade, antagonista da heroína que seja tão poderosa quanto ela. De qualquer forma, "Mulher Maravilha" é o típico filme de sessão da tarde que agrada (e muito), e que me faz lembrar outros filmes de Super-herói, que faziam a molecada vibrar nas cadeiras do cinema (como na época do Superman, de Richard Donner, em 1979, com o inesquecível ator Christopher Reeve interpretando o personagem principal).
Que venha, portanto, o filme da "Liga da Justiça", e com ele retorne um pouco mais da beleza, voz rouca e versatilidade de Gal Gadot. Nós, fãs de super-heróis, histórias em quadrinhos, e amantes do cinema, estamos esperando carinhosamente o retorno de nossa musa. Bem vinda ao século XXI, Mulher Maravilha!!