Querido amigo! Sei que para você pode parecer inesperado eu escrever estas linhas, e talvez não seja apenas você que pense isso, mas muitos amigos de outros amigos que podem se sentir identificados com o que escrevo. Não se trata de expor pessoas, mas de expor ideias, e, principalmente, a ideia de um país.
Você deve saber que muito se fala o quanto esse nosso Brasil está em crise, quase em ruínas, pois se encontra fraturado, dividido, talvez como nunca jamais estivesse em sua história (isso se eu não entrar no argumento histórico da divisão entre monarquistas e republicanos no século XIX), ao menos de forma tão radical. Você deve ter percebido que após as eleições de 2018, a posse e o exercício de mais de 100 dias do mandato de um novo presidente, parece que ainda não perdemos o clima da campanha eleitoral.
Creio que eu e você vemos isso nas ruas, esporadicamente, ao se demonstrarem em manifestações de rua, convocadas pelas redes sociais, dois Brasis: um Brasil verde e amarelo, conservador, religioso, preocupado com progresso e altamente moralista, que se preocupa muito com o bolso e com as possibilidades de ascensão social. Em tese, esse Brasil é privatista, é liberal na economia, mas defende um Estado forte ao se voltar para o tema da segurança, defendendo uma repressão penal atroz e punição severa aos corruptos e autores de crimes violentos. Um Brasil que cultua a ordem, o respeito à autoridade, como era no tempo dos nossos pais, mais voltado para a família e defesa de valores familiares. É um Brasil militarista, que cultua as Forças Armadas como a principal instituição nacional e se volta para o passado, acreditando que uma ditadura nunca existiu e que a Guerra Fria ainda existe, pois os inimigos de verdade e destruidores da pátria seriam os comunistas. É um Brasil que fez opção por um líder autoritário, martirizado depois de uma facada em plena campanha eleitoral e pela demonização de um ex-presidente preso e de seu partido político. Geralmente, esse é um Brasil voltado mais para os shopping centers e sua prosperidade consumista, elegendo os Estados Unidos da América e Miami como uma espécie de "cidade luz", enquanto que o resto da América Latina se resumiria a uma autoritária Cuba ou uma decadente e destrutiva Venezuela. Por outro lado, amigo, você deve ter percebido também as manifestações de pessoas que simbolizam um outro Brasil: o Brasil do Estado social, do desenvolvimentismo, da integração latino-americana e da crítica ao gigante norte-americano, tratado como espoliador. Um Brasil mais plural, tanto nas crenças das religiões, quanto na identidade de gênero e opção sexual. Um Brasil, é verdade, que demoniza um tanto o capitalismo, ao menos no seu aspecto mais predatório, que defende um Estado interventor, que alavanque o desenvolvimento através de investimentos em educação, obras públicas e contratação de pessoal. Esse Brasil que você deve ter visto é um país metido a politicamente correto, que defende direitos humanos, que prega o respeito a minorias étnicas como indígenas e quilombolas e condena a homofobia. Um Brasil que, em manifestações de rua, trocou o verde e amarelo por outra cor, preferiu vestir as cores vermelha ou branca, que pode representar ideologias, partidos políticos ou religiões marginalizadas, ou de um arco íris que identifica uma orientação sexual, e que também caminha nas ruas, erguendo faixas e portando camisetas com estampas de revolucionários e líderes do passado. Trata-se de um Brasil que se agarra à memória de um passado autoritário nem tão distante e insiste em criticar uma velha e decadente ditadura militar. Esse Brasil que estou falando a você é o Brasil que ainda considera golpe um fraudulento e tendencioso processo de impeachment contra uma presidente democraticamente eleita e que não concorda que um ex-presidente, de tão popular, esteja preso por conta de um processo judicial injusto. Um Brasil que critica a repressão policial e o autoritarismo, que ainda acredita na ressocialização dos autores de delitos e que acha que segurança se resolve preventivamente com mais escolas e menos fuzis. Um Brasil de sindicalistas, estudantes de escolas públicas e moradores de periferia que frequentam mais botecos do que casas de show. Esses dois Brazis são um mosaico do que somos e um pouco da história que vivemos em tantos anos de amizade. O que foi que deu errado?
Durante a eleição, preocupou-me quando você começou a postar vídeos em nossa rede social, lá de onde você mora depois que se mudou pra outra cidade, contendo informações falsas, que hoje chamam de fake news, ou que exortavam pessoas de verde e amarelo revoltadas ou com muito ódio, lotando um shopping center e cantando o hino nacional, defendendo um candidato como se ele fosse um mártir, uma espécie de "mito". Até aí, pensei em nossos tempos de juventude, do quanto você era identificado com as causas que eu pensava, apesar de eu nunca ter te obrigado a pensar do mesmo jeito, só pelo fato de torcemos pelo mesmo time e gostarmos das mesmas músicas.
Entretanto, o que me preocupou mesmo foi seu silêncio, quando eu descobri que o que nos distanciou não foi o tempo e nem a separação geográfica, mas sim a forma de ver a vida e a política. Sim, pois a política, apesar de parecer um assunto chato para muitos (e deve ser para você também), assim como as religiões, define muito quem somos e o que queremos ser. Fiquei triste e chocado, é verdade, por ter descoberto no teu silêncio, ao não me responder em quem iria votar, naquele fatídico domingo de outubro, que nós estávamos muito, mas muito distantes enquanto pessoas e brasileiros. Nos meses vindouros, vim descobrir, tristemente, que não se tratava apenas de uma opção que eu, democraticamente, discordava da que você tinha ao apertar um botão numa cabine eleitoral. Vim descobrir o quanto você tinha mudado! Ou será que me enganei, e na verdade você sempre foi todo um caldeirão ambulante de recalques, ignorância e contradições?
Digo isso e peço, desde já, minhas desculpas se minhas tintas estão pesadas, mas, pelo que soube, você se portou com a indiferença daqueles que acham trágico, mas nada de mais e muita balbúrdia midiática, a comoção com repercussão nacional e internacional do assassinato a tiros de uma vereadora negra e defensora de favelados, da cidade onde você nasceu, por considerar que cidadãos de bem são assassinados todos os dias por marginais e a imprensa não diz nada, fazendo coro com aqueles que acham que a defesa dos direitos humanos (a principal bandeira da vereadora assassinada) é a defesa de bandidos. Entristece-me saber, amigo, que você acredita na reforma da previdência apresentada pelo governo que você ajudou a eleger, pois crê, assim como os que pensam parecido contigo, que tal reforma só é necessária para acabar com a mamata dos funcionários públicos, que assim como eu, teriam muitos privilégios, já que você teve que suar a camisa, sendo explorado no setor privado onde você conseguiu emprego, e nunca fez ou teve a oportunidade de passar num concurso público.
Mas tudo isso poderia passar batido se eu não soubesse que você defende um presidente e manifestantes que o apoiam, que destroem faixas em universidades, cuja única e singela mensagem é a defesa da educação. Claro! Como você nunca teve a oportunidade de chegar a uma universidade pública, talvez você ache que lá é só um espaço de professores esquerdopatas que tentam doutrinar cegamente seus alunos (por isso que você defende uma Escola sem Partido) e que os estudantes são todos uns desocupados, com raras exceções, que se preocupam muito mais em vestir camisetas e botons de partidos como se fossem times de futebol do que estudar e que se divertem em festas no campus, regados a cerveja e muita maconha, desperdiçando dinheiro público, enquanto você tem que ralar de ônibus todos os dias para arcar no fim da noite com o ensino pago, às custas da mensalidade que você tem que pagar.
Você tem amigos gays, assim como eu, e muitos são nossos amigos comuns, mas você deve achar hoje que é só mimimi, vitimização ou coitadismo demais falar em combater ou criminalizar a homofobia, até porque os gays já teriam direitos demais e você acharia insuportável a ideia de ter um filho homossexual; pois, afinal de contas, você o educou bem!!
Você deve ser contra as cotas na universidades, claro! Até mesmo porque, assim como no futebol, onde craques negros ou mestiços se destacam pelo talento próprio e nato com a bola nos pés, como Pelé e Neymar, a ascensão social de cada um deve ser vista somente pelos seus méritos e não por uma injustiça histórica ou desigualdade econômica, até porque, esse papo de desigualdade para atacar as injustiças é papo de derrotado, de quem não teve competência para se estabelecer., não é mesmo?!
Eu poderia até concordar com alguns de seus argumentos e tolerar outros, porém o que não me passa na garganta é você acreditar piamente que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal devem ser fechados, pois seriam entidades inúteis, repletas de privilegiados e ladrões. Mais do que isso, como você acredita que bandido bom é bandido morto, você acha normal e necessário armar a população, e que a polícia esteja autorizada a abater bandidos sem responsabilização penal. Você deve achar que aqueles caras que uns chamam de milícias, na verdade são policiais que se voltaram contra a hipocrisia do Estado em defender bandidos, prestam um auxílio, fornecendo água mineral, TV a cabo e segurança privada mais barato, protegendo a comunidade dos marginaizinhos e é natural pagar uma gratificação para eles, já que ganham tão mal. Sobre armar a população, você considera um acidente ou uma exceção por problemas mentais ou má formação familiar, proliferarem atiradores em colégios, pois o problema está nas pessoas e não nas armas.
É, amigo! O que me entristeceu também foi saber que você deve compartilhar do preconceito regional, por achar que o Norte e Nordeste do país é inferior intectualmente ao restante do país ou que os nordestinos pobres são massa de manobra, de um governo de esquerda corrupto, que os financia com esmolas, apelidadas de bolsa-familia, por que a maioria do eleitorado da região não fez a opção pelo seu candidato.
O que eu penso que é pior, e o que verdadeiramente nos distancia, é saber que quem pensa diferente de você e critica a sua opção, pode ser minimamente chamado de chato, mas na hora da raiva de petralha ou comunista.
É nesse ódio ao outro que o teu candidato (na verdade, agora, teu presidente) espera crescer e mantém seu rebanho de apoiadores fervorosos, alegando que o país estava ingovernável porque alguns (como eu) não estariam dispostos a colaborar, como bom patriota.
Amigo! É por fazer parte de ambientes distintos que nos distanciamos, mas, principalmente, porque esses ambientes tornaram-se tóxicos demais para que se mantivesse nossa convivência. Nesse sentido, preocupa-me se, no Brasil de hoje, eu ainda posso chamá-lo de amigo!
Você deve saber que muito se fala o quanto esse nosso Brasil está em crise, quase em ruínas, pois se encontra fraturado, dividido, talvez como nunca jamais estivesse em sua história (isso se eu não entrar no argumento histórico da divisão entre monarquistas e republicanos no século XIX), ao menos de forma tão radical. Você deve ter percebido que após as eleições de 2018, a posse e o exercício de mais de 100 dias do mandato de um novo presidente, parece que ainda não perdemos o clima da campanha eleitoral.
Creio que eu e você vemos isso nas ruas, esporadicamente, ao se demonstrarem em manifestações de rua, convocadas pelas redes sociais, dois Brasis: um Brasil verde e amarelo, conservador, religioso, preocupado com progresso e altamente moralista, que se preocupa muito com o bolso e com as possibilidades de ascensão social. Em tese, esse Brasil é privatista, é liberal na economia, mas defende um Estado forte ao se voltar para o tema da segurança, defendendo uma repressão penal atroz e punição severa aos corruptos e autores de crimes violentos. Um Brasil que cultua a ordem, o respeito à autoridade, como era no tempo dos nossos pais, mais voltado para a família e defesa de valores familiares. É um Brasil militarista, que cultua as Forças Armadas como a principal instituição nacional e se volta para o passado, acreditando que uma ditadura nunca existiu e que a Guerra Fria ainda existe, pois os inimigos de verdade e destruidores da pátria seriam os comunistas. É um Brasil que fez opção por um líder autoritário, martirizado depois de uma facada em plena campanha eleitoral e pela demonização de um ex-presidente preso e de seu partido político. Geralmente, esse é um Brasil voltado mais para os shopping centers e sua prosperidade consumista, elegendo os Estados Unidos da América e Miami como uma espécie de "cidade luz", enquanto que o resto da América Latina se resumiria a uma autoritária Cuba ou uma decadente e destrutiva Venezuela. Por outro lado, amigo, você deve ter percebido também as manifestações de pessoas que simbolizam um outro Brasil: o Brasil do Estado social, do desenvolvimentismo, da integração latino-americana e da crítica ao gigante norte-americano, tratado como espoliador. Um Brasil mais plural, tanto nas crenças das religiões, quanto na identidade de gênero e opção sexual. Um Brasil, é verdade, que demoniza um tanto o capitalismo, ao menos no seu aspecto mais predatório, que defende um Estado interventor, que alavanque o desenvolvimento através de investimentos em educação, obras públicas e contratação de pessoal. Esse Brasil que você deve ter visto é um país metido a politicamente correto, que defende direitos humanos, que prega o respeito a minorias étnicas como indígenas e quilombolas e condena a homofobia. Um Brasil que, em manifestações de rua, trocou o verde e amarelo por outra cor, preferiu vestir as cores vermelha ou branca, que pode representar ideologias, partidos políticos ou religiões marginalizadas, ou de um arco íris que identifica uma orientação sexual, e que também caminha nas ruas, erguendo faixas e portando camisetas com estampas de revolucionários e líderes do passado. Trata-se de um Brasil que se agarra à memória de um passado autoritário nem tão distante e insiste em criticar uma velha e decadente ditadura militar. Esse Brasil que estou falando a você é o Brasil que ainda considera golpe um fraudulento e tendencioso processo de impeachment contra uma presidente democraticamente eleita e que não concorda que um ex-presidente, de tão popular, esteja preso por conta de um processo judicial injusto. Um Brasil que critica a repressão policial e o autoritarismo, que ainda acredita na ressocialização dos autores de delitos e que acha que segurança se resolve preventivamente com mais escolas e menos fuzis. Um Brasil de sindicalistas, estudantes de escolas públicas e moradores de periferia que frequentam mais botecos do que casas de show. Esses dois Brazis são um mosaico do que somos e um pouco da história que vivemos em tantos anos de amizade. O que foi que deu errado?
Durante a eleição, preocupou-me quando você começou a postar vídeos em nossa rede social, lá de onde você mora depois que se mudou pra outra cidade, contendo informações falsas, que hoje chamam de fake news, ou que exortavam pessoas de verde e amarelo revoltadas ou com muito ódio, lotando um shopping center e cantando o hino nacional, defendendo um candidato como se ele fosse um mártir, uma espécie de "mito". Até aí, pensei em nossos tempos de juventude, do quanto você era identificado com as causas que eu pensava, apesar de eu nunca ter te obrigado a pensar do mesmo jeito, só pelo fato de torcemos pelo mesmo time e gostarmos das mesmas músicas.
Entretanto, o que me preocupou mesmo foi seu silêncio, quando eu descobri que o que nos distanciou não foi o tempo e nem a separação geográfica, mas sim a forma de ver a vida e a política. Sim, pois a política, apesar de parecer um assunto chato para muitos (e deve ser para você também), assim como as religiões, define muito quem somos e o que queremos ser. Fiquei triste e chocado, é verdade, por ter descoberto no teu silêncio, ao não me responder em quem iria votar, naquele fatídico domingo de outubro, que nós estávamos muito, mas muito distantes enquanto pessoas e brasileiros. Nos meses vindouros, vim descobrir, tristemente, que não se tratava apenas de uma opção que eu, democraticamente, discordava da que você tinha ao apertar um botão numa cabine eleitoral. Vim descobrir o quanto você tinha mudado! Ou será que me enganei, e na verdade você sempre foi todo um caldeirão ambulante de recalques, ignorância e contradições?
Digo isso e peço, desde já, minhas desculpas se minhas tintas estão pesadas, mas, pelo que soube, você se portou com a indiferença daqueles que acham trágico, mas nada de mais e muita balbúrdia midiática, a comoção com repercussão nacional e internacional do assassinato a tiros de uma vereadora negra e defensora de favelados, da cidade onde você nasceu, por considerar que cidadãos de bem são assassinados todos os dias por marginais e a imprensa não diz nada, fazendo coro com aqueles que acham que a defesa dos direitos humanos (a principal bandeira da vereadora assassinada) é a defesa de bandidos. Entristece-me saber, amigo, que você acredita na reforma da previdência apresentada pelo governo que você ajudou a eleger, pois crê, assim como os que pensam parecido contigo, que tal reforma só é necessária para acabar com a mamata dos funcionários públicos, que assim como eu, teriam muitos privilégios, já que você teve que suar a camisa, sendo explorado no setor privado onde você conseguiu emprego, e nunca fez ou teve a oportunidade de passar num concurso público.
Mas tudo isso poderia passar batido se eu não soubesse que você defende um presidente e manifestantes que o apoiam, que destroem faixas em universidades, cuja única e singela mensagem é a defesa da educação. Claro! Como você nunca teve a oportunidade de chegar a uma universidade pública, talvez você ache que lá é só um espaço de professores esquerdopatas que tentam doutrinar cegamente seus alunos (por isso que você defende uma Escola sem Partido) e que os estudantes são todos uns desocupados, com raras exceções, que se preocupam muito mais em vestir camisetas e botons de partidos como se fossem times de futebol do que estudar e que se divertem em festas no campus, regados a cerveja e muita maconha, desperdiçando dinheiro público, enquanto você tem que ralar de ônibus todos os dias para arcar no fim da noite com o ensino pago, às custas da mensalidade que você tem que pagar.
Você tem amigos gays, assim como eu, e muitos são nossos amigos comuns, mas você deve achar hoje que é só mimimi, vitimização ou coitadismo demais falar em combater ou criminalizar a homofobia, até porque os gays já teriam direitos demais e você acharia insuportável a ideia de ter um filho homossexual; pois, afinal de contas, você o educou bem!!
Você deve ser contra as cotas na universidades, claro! Até mesmo porque, assim como no futebol, onde craques negros ou mestiços se destacam pelo talento próprio e nato com a bola nos pés, como Pelé e Neymar, a ascensão social de cada um deve ser vista somente pelos seus méritos e não por uma injustiça histórica ou desigualdade econômica, até porque, esse papo de desigualdade para atacar as injustiças é papo de derrotado, de quem não teve competência para se estabelecer., não é mesmo?!
Eu poderia até concordar com alguns de seus argumentos e tolerar outros, porém o que não me passa na garganta é você acreditar piamente que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal devem ser fechados, pois seriam entidades inúteis, repletas de privilegiados e ladrões. Mais do que isso, como você acredita que bandido bom é bandido morto, você acha normal e necessário armar a população, e que a polícia esteja autorizada a abater bandidos sem responsabilização penal. Você deve achar que aqueles caras que uns chamam de milícias, na verdade são policiais que se voltaram contra a hipocrisia do Estado em defender bandidos, prestam um auxílio, fornecendo água mineral, TV a cabo e segurança privada mais barato, protegendo a comunidade dos marginaizinhos e é natural pagar uma gratificação para eles, já que ganham tão mal. Sobre armar a população, você considera um acidente ou uma exceção por problemas mentais ou má formação familiar, proliferarem atiradores em colégios, pois o problema está nas pessoas e não nas armas.
É, amigo! O que me entristeceu também foi saber que você deve compartilhar do preconceito regional, por achar que o Norte e Nordeste do país é inferior intectualmente ao restante do país ou que os nordestinos pobres são massa de manobra, de um governo de esquerda corrupto, que os financia com esmolas, apelidadas de bolsa-familia, por que a maioria do eleitorado da região não fez a opção pelo seu candidato.
O que eu penso que é pior, e o que verdadeiramente nos distancia, é saber que quem pensa diferente de você e critica a sua opção, pode ser minimamente chamado de chato, mas na hora da raiva de petralha ou comunista.
É nesse ódio ao outro que o teu candidato (na verdade, agora, teu presidente) espera crescer e mantém seu rebanho de apoiadores fervorosos, alegando que o país estava ingovernável porque alguns (como eu) não estariam dispostos a colaborar, como bom patriota.
Amigo! É por fazer parte de ambientes distintos que nos distanciamos, mas, principalmente, porque esses ambientes tornaram-se tóxicos demais para que se mantivesse nossa convivência. Nesse sentido, preocupa-me se, no Brasil de hoje, eu ainda posso chamá-lo de amigo!