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Mais uma celebridade que morre tragicamente.
Whitney Houston não está mais entre nós. |
Vou estar mentindo se eu disser que era um fã de carteirinha, do trabalho da cantora Whitney Houston, encontrada morta sábado, dia 11 de fevereiro, tragicamente em um dos quartos do hotel Hilton, em Beverly Hills, dentro de uma banheira, com sinais aparentes de ter morrido por afogamento. Quando a cantora estourou, na segunda metade da década de 80, eu já gostava de algumas artistas oriundas da
soul music ou da fase
disco da música negra norte-americana, como Diana Ross, Aretha Franklin ou Donna Summer. Eu preferia muito mais Tina Turner, já veterana, uma quarentona com sua vasta cabeleira encorpada, tingida de loiro, voz forte, meio rouca e seus requebrados geriátricos com um belo par de pernas ainda para mostrar. Já a Whitney eu achava pop demais (se é que pode existir algo que não seja excessivamente pop nos dias de hoje). Mas tenho de reconhecer: Whitney Houston legou uma voz, e uma legião de fãs, e fez parte da história da música popular nas últimas décadas. Por isso, sua obra merece ser homenageada.
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Uma jovem e linda Whitney Houston, simbolizava a nova
face da Black Music nos anos oitenta |
Talvez como muitas das lendas da música pop, como o recente falecimento há poucos meses de outra estrela, Amy Winehouse, a morte de Whitney Houston seja marcada por uma história de fama, prestígio, sucesso mundial, prêmios, vários discos vendidos e aparições no cinema, tão fascinante quanto o histórico de excessos, as brigas homéricas com o ex-marido, o alcoolismo e o vício em drogas pesadas, a decadência pública com a perda da voz e o desaparecimento da vendagem de discos, a anorexia produzida à base de álcool e barbitúricos, além da tentativa de redenção, que nunca chegou. Michael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston tem muito em comum, falecendo cada no seu ano respectivo, numa ciranda macabra de estrelas decadentes que subiram bem alto no hall da fama das celebridades e que se eternizaram tanto pelo sucesso que fizeram em vida, quanto pelas circunstâncias trágicas em que morreram. No caso de Whitney (assim como Michael) já fazia anos que o sucesso não batia a sua porta, revelando que a ex-estrela já estava distante do auge e fora de forma há muito tempo. Whitney Houston simboliza uma década e uma América que já não voltam mais, mas que deixaram marcas indeléveis no show business de hoje.
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Na época do seu segundo álbum, nos anos oitenta,
Whitney já era considerada imbatível. |
Só para se ter uma ideia: Whitney Houston estava para os anos oitenta e noventa como Beyoncé está para os dias de hoje. Ao surgir na década de 80, lançada pela indústria fonográfica, Whitney representava o modelo bem sucedido da fábrica de
hits , astros e estrelas que era a gravadora
Motown e suas congêneres da música negra norte americana: linda, negra, oriunda do ambiente
gospel e com uma voz maravilhosa. Foi com sua beleza física e de voz, aliada a um carisma inegável nos palcos que a jovem Whitney saiu dos corais da Igreja Batista onde congregava, para brilhar como estrela principal nos clipes da MTV, nas festas do Grammy, ou em shows apoteóticos em estádios, teatros e intervalos do
Superbowl nos Estados Unidos(os jogos televisionados de futebol americano, vistos no país inteiro). Ela cantou até na final da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil conquistou o tetracampeonato em solo ianque.
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Mais madura. A cantora tentava outros caminhos, no final
da década de 90. |
Whitney estava com tudo. Se sua prima Dionne Warwick tinha sido a duquesa do pop, Whitney tinha se tornado a sua rainha, vendendo discos como quem vendia picolés na praia em dias quentes de verão, contabilizando mais de 200 milhões de discos vendidos, segundo dados da Wikipédia. Recordo-me que na época do seu auge, a cantora estampava quase que semanalmente as capas de revistas de música e celebridades, e sua ida para o cinema foi só uma questão de tempo. Depois de uma pequena participação em um filme na década de oitenta, em 1992 Whitney estrelou com o ator Kevin Costner, o filme
O Guarda-Costas (
The BodyGuard). Filme que todo mundo já viu e que é reprisado até hoje
nas Sessões da Tarde. Na época, a formação de um par romântico entre um astro de cinema (também agora decadente) oscarizado e uma diva consagrada da música pop, foi a combinação irresistível para um filme esquecível do ponto de vista da crítica; mas imperdível para quem gostava de louvar seus ídolos pop. As pessoas iam ao cinema porque ali estava Whitney, interpretando uma personagem que era ela mesma, uma cantora de sucesso, cantando a música-tema do filme,
I Will Always Love You, que nem era dela (mas baseada num sucesso das antigas, cantada por Dolly Parton, nos anos setenta), mas que se tornou inconfundível através de sua voz, sendo escutada até hoje nas FMs do mundo inteiro.
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O casamento com Bobby Brown, para muitos críticos,
foi o começo da decadência da cantora. |
Mas, assim como colheu duas décadas de êxitos, Whitney conheceu a derrocada na vida profissional e pessoal, com a chegada dos anos 2000. Ela teve um casamento conturbado com o rapper Bobby Brown, outro remanescente dos grupos de sucesso dos anos oitenta (era um dos integrantes do New Ediction,
boy band muita ouvida na época). As idas e vindas do relacionamento repleto de brigas, chegada da polícia e baixarias em público faria corar Ike e Tina Turner (outro casal cujo talento musical era diretamente proporcional aos casos de violência doméstica). Após 7 anos de convivência e a concepção de uma filha, Bobby Cristina, Whitney separou-se de Brown; não sem antes reconhecer de público seu alcoolismo e vício frenético em cocaína, suposta razão pela qual a cantora teve um casamento tão atribulado.
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Uma Whitney envelhecida e irreconhecível, após uma das
idas e vindas dos centros de reabilitação para drogados. |
Eis que as drogas cobraram seu preço. Não tendo mais a mesma voz de antes, Whitney Houston aparecia cada vez mais magra e pálida diante das câmeras nos eventos, e sua degradação era visível. Ela ainda tentou um retorno no final da década passada, lançando o álbum
I Look to You, em 2009, mas ela não apresentava mais o carisma e o vigor de antes. Apesar das intervenções estéticas, discursos otimistas, afirmando estar livre das drogas após passar por clínicas de reabilitação e os esforços dos produtores, Whitney parecia uma pré-senhora de meia idade cansada, ainda bonita apesar dos percalços da vida, mas bem distante daquela musa negra cheia de vida e beleza que tinha brilhado vinte anos antes.O fim, que parecia estar proximo, finalmente chegou aos 48 anos.
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Apesar de supostamente recuperada, a aparência magra ainda
retratava os traços da dependência química. |
As primeiras estimativas da imprensa e da polícia norte-americana acerca das causas da morte da cantora são uma combinação de álcool e drogas que culminou em afogamento. Sabe-se que em seus últimos dias, Whitney Houston utilizava muito de antidepressivos, e isso pode ter contribuído para abreviar sua vida. Mesmo que não tenha se drogado horas antes de sua morte, a verdade é que o corpo da cantora já tinha sido muito castigado pelos anos recentes de excessos e pelo uso indiscriminado de várias substâncias químicas. De qualquer forma, sofrimento maior devem estar passando seus familiares, especialmente sua filha de 18 anos, obrigada a conhecer a tragédia de perder uma mãe bem no começo de sua vida adulta; bem como do ex-marido da cantora, Bobby Brown, que a essa hora lamenta publicamente a perda da mulher que pode ter sido a mulher da sua vida. Enfim! Quando eu soube da morte de Whitney Houston, martelou-me a cabeça um de seus sucessos, que simboliza bem a vida e a morte da célebre cantora norte-americana. Afinal, para mulheres que falaram tanto de amor em suas músicas, a cantora Whitney Houston parecia em sua fama, ser uma mulher muito sozinha. Assim, tal como Whitney, não temos nada, se quem mais amamos fica longe de nós, e não temos mais a quem amar. Afinal:
Don't walk away from me
Don't you dare walk away from me
I have nothing, nothing, nothing
If I don't have you!