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O trágico acidente que quase matou Niki Lauda. |
Eu tinha apenas 5 anos de idade. Muito pouco para lembrar, quando o piloto austríaco Niki Lauda espatifou sua Ferrari em chamas no autódromo de Nurburgring, na Alemanha, no campeonato da Fórmula 1 de 1976. Na verdade, eu só vim a saber o que era F1 e corridas de alta velocidade dez anos depois, quando Nelson Piquet tornou-se um dos poucos pilotos brasileiros campeões do mundo nessa modalidade esportiva, depois de Emerson Fittipaldi e antes de Ayrton Senna se consagrar nas pistas (considerado até hoje o maior e mais inigualável piloto brasileiro de todos os tempos).
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O verdadeiro Lauda fala de seu rival, James Hunt. |
Naquela época, Lauda era campeão mundial no ano anterior pela primeira vez, e encerrou sua carreira vencedora com 3 títulos mundiais, tornando-se uma figura histórica, no hall da fama dos maiores corredores de todos os tempos. Mas o que se tornou roteiro do filme do diretor norte-americano Ron Howard foi menos o terrível acidente que o desfigurou e quase tirou sua vida, e sim a sua emocionante disputa com seu maior rival naquela época: o piloto britânico James Hunt. Como um bom filme de sessão da tarde, Rush conta a história dessa disputa frenética, e traça um perfil de egos tão distintos quanto complementares.
Não poderiam existir pilotos tão diferentes, mas tão equivalentes em talento. Lauda representava a disciplina, o perfeccionismo e perseverança germânica, enquanto que Hunt combinava o temperamento explosivo com a fleuma britânica, fazendo manobras arriscadas nas curvas e quase suicidas. O austríaco era baixinho, mal humorado, narigudo e dentuço (apelidado de "rato" entre seus adversários), mas era um gênio na construção de carros e motores, e responsável pelo ressurgimento da Ferrari no cenário esportivo mundial; enquanto que seu colega inglês era loiro, alto, bonito e mulherengo como Jim Morrisson e galante num carro de corrida, como um Juan Fangio, incorporando os valores festeiros de uma Swingin London hippie, posterior aos Beatles e Stones, com sua pinta de galã e filas de garotas bonitas no seu cockpit. Independente das personalidades, quando ambos assumiam o volante de um carro, passavam a se compenetrar de tal forma que a única coisa que interessava era a vitória nas pistas, principalmente a vitória contra o adversário, perseguindo um ao outro nos autódromos do mundo.

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Amigos?Inimigos?Ou será que um completava o outro nas pistas? |
E foi vida o que o piloto Niki Lauda quase sacrificou, no fatídico dia em que se acidentou, numa pista chuvosa e perigosa, onde não queria correr. Após passar mais de um minuto dentro de um carro em chamas, que quase se tornou sua pira funerária, Lauda foi conduzido às pressas para o hospital com poucas chances de vida (ele chegou a receber a extrema unção de um padre horas depois de ter entrado no hospital), mas milagrosamente se recuperou, retornando de volta as pistas poucos meses após seu trágico acidente, mesmo totalmente desfigurado por queimaduras que lhe tomaram parte do rosto. James Hunt também não deixa de ser um vencedor, por também ter superado a adversidade. Sem apoio e patrocinadores, ele quase viu desabar seu sonho de ganhar na Fórmula 1, quando se viu sem escuderia; até que uma apreensiva McLaren resolveu contratá-lo após a desistência da companhia de outro piloto campeão, um tal de Fittipaldi (quem?), que após ter se sagrado bicampeão em 1972 e 1974, largou a companhia inglesa para se aventurar numa malfadada experiência na recém-fundada Copersucar.
Mesmo para quem não goste (como eu) de
Hemsworth e Bruhl incorporam os lendários pilotos nas telas. |
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