Nos primeiros meses deste ano comentou-se muito sobre as opiniões da jornalista, apresentadora âncora do noticiário do SBT, Raquel Sheherazade, emitidas nos meios de comunicação (televisão e jornais) sobre diversos temas que são caros aos movimentos sociais, setores progressistas da sociedade e defensores dos direitos humanos. No seu telejornal, a apresentadora já falou de tudo um pouco: criticou o extremismo reaçonário do deputado Jair Bolsonaro, mas também atacou o ativismo pró-movimento gay do deputado do PSOL, Jean Willys, ao criticar um beijo gay dado num protesto durante um culto realizado pelo polêmico deputado, Marco Feliciano. Raquel também condenou à legalização da maconha no Uruguai e manifestou ojeriza aos chamados "rolézinhos", chamando os jovens da periferia que frequentam shopping centers de "arruaceiros". Sobrou críticas da apresentadora e jornalista até mesmo ao Carnaval, considerado por ela uma festa elitista e pornográfica, o que lhe garantiu alguns segundos de fama nacional, quando saiu das câmeras do telejornalismo local da TV Tambaú, em João Pessoa, e passou a trabalhar no telejornal nacional do SBT, emissora do célebre apresentador Silvio Santos.
Mas o que chocou mesmo neste ano foram as opiniões da jornalista, manifestadas em rede nacional, acerca do problema social da criminalidade e a situação do sistema carcerário em nosso país. Nesses aspectos, a apresentadora do SBT manifestou boa parte de seu desconhecimento sobre o tema, uma ignorância raivosa e uma reprodução do senso comum, que apenas atiçam o discurso do ódio e a opção reaconária de se criminalizar os pobres, e até mesmo de exterminá-los. Num recente noticiário, e na publicação de um artigo seu na Folha de São Paulo, Sheherazade espinafrou as organizações defensoras dos direitos humanos, desmereceu a Constituição e o Judiciário brasileiro, valendo-se de um slogan de qualidade duvidosa, ao empregar o termo "adote um bandido", para desferir uma série de argumentos preconceituosos, racistas e conservadores sobre os autores de pequenos delitos nas ruas das grandes cidades. Além disso, o ápice dos comentários jocosos de Sheherazade culminaram com uma foto da jornalista numa capa sugestiva na revista Carta Capital; além do início de um duelo verbal com o deputado Jean Willys nos meios de comunicação, além de uma representação criminal promovida pelo deputado do PSOL de São Paulo, Ivan Valente, alegando que a jornalista propagou o ódio e fez apologia ao crime, ao defender a iniciativa de jovens musculosos, de classe média, que saem às ruas do Rio de Janeiro atacando mendigos e potenciais infratores. Os últimos fatos repercutiram nacionalmente e mundialmente, quando Raquel tentou (sem sucesso) justificar a atitude de alguns desses jovens, ao espancar e humilhar um adolescente negro e pobre no Rio de Janeiro, acusado de ter praticado um furto, preso, nu, no meio da rua, acorrentado a um poste com um cadeado de bicicleta preso em seu pescoço.
A imagem de ver um garoto, preto e pobre acorrentado, recordando os tempos da escravatura, num pelourinho urbano, talvez não seja tão chocante quanto às afirmações da senhora Sheherazade, que em poucos segundos de sua fala na TV invocou o sentimento reaçonário de muita gente no país que pensa de forma semelhante a da jornalista. Para se ter uma ideia, no próximo dia 22 de março estão programadas grandes manifestações nos principais centros urbanos do país, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde seus organizadores pretendem reeditar a Marcha pela Família com Deus pela Liberdade, realizada em 1964, nos dias que antecederam o golpe militar que depôs o presidente João Goulart do poder. Os conservadores participantes da marcha são exatamente os milhares de telespectadores e fãs da apresentadora do SBT, que se valendo de sua imagem, irão comemorar os 50 anos de um movimento de extrema-direita, de uma classe média elitizada, que impulsionou o advento de um regime autoritário no Brasil, sob o pretexto de combater o comunismo, pregar os bons costumes e, segundo eles, "salvar a família brasileira".
A polêmica apresentadora virou atração fácil em talk shows e programas jornalísticos, por conta de suas afirmações, revelando-se em toda momento uma pessoa sorridente, educada, que, na verdade, teria sido incompreendida num universo onde não se tolera a liberdade de expressão. Em si, em suas entrevistas, Raquel Sheherazade revela-se uma mulher jovem, nordestina (oriunda de uma TV da Paraíba, quando foi descoberta por Silvio Santos), de bons modos e voz adocicada, que não se acha nem um pouco atrasada politicamente, e tem uma queda musical por heavy metal (ela já demonstrou por diversas ocasiões gostar de bandas como Iron Maiden e Metallica). Sob essa aparência, Raquel apresenta o figurino da mulher represante da Nova Direita: conservadora, bem sucedida e sem papas na língua. Acredito sinceramente que Raquel Sheherazade seja uma criação da TV. Uma espécie de Golem conservador, criado sob a forma de uma bela e educada mulher, que por detrás da aparência de boa moça destila ódio através das mais virulentas e politicamente incorretas afirmações. Se na democracia brasileira só faltava o surgimento de uma Direita que não tem medo de dizer o seu nome, ela finalmente apareceu sob o nome da apresentadora do SBT e de um séquito de neoidiotas que pretendem entulhar as ruas do país com sua ignorância e discursos racistas, homofóbicos e reaconários, em manifestações públicas que deverão reunir às claras milhares de apoiadores do deputado extremista Jair Bolsonaro, que finalmente vão sair das sombras e revelar a cara e o perfil social da Nova Direita no Brasil.
Eu entendo que personalidades como Raquel Sheherazade tem uma missão. Sua missão é a mesma dos acólitos da grande mídia conservadora norte-americana, encastelada em grandes meios de comunicação como o canal Fox News: transmitir a mensagem ideológica de um pensamento conservador, de extrema direita e de linhas autoritárias, intolerante com as minorias, principalmente se elas são formadas por negros e homossexuais. Nada errado quanto a isso. Afinal, estamos numa democracia! Se eu quisesse uma sociedade somente composta de gente igual a mim eu viveria o paradoxo de defender a convivência democrática no discurso; mas em verdade ser totalmente antidemocrático. A democracia que estabelece o convívio entre os diferentes nas suas diferenças, também é a democracia em que eu tolero ou convivo no espaço público com aqueles com quem eu não conseguiria conviver no mesmo teto ou que não me toleram, mas deviam tolerar. Quando Silvio Santos chamou a senhora Sheherazade para apresentar em cadeia nacional o telejornal de sua emissora, acredito que, de caso pensado, ele pensou em transmitir essa mensagem ideológica que lhe tanto caiu bem nos tempos em que apresentava a Semana do Presidente, nos intervalos de seu programa dominical, nos tempos da ditadura militar. Acredito que Silvio Santos usufrua de uma mensagem compartilhada por todos os grandes barões da mídia; uma vez que em tempos de black blocs e de uma presidente ex-guerrilheira, ser conservador também aumenta o Ibope. Raquel apenas afirma verborragicamente seu pensamento atrasado, porque tem carta branca da emissora de seu chefe para fazer isso. Os conservadores precisam de eco nos meios de comunicação, e se os âncoras da Fox News fazem isso com tanto sucesso perante o eleitorado republicano na terra do Obama, porque não fariam isso aqui, na terra de Dilma, Jean Willys e Bolsonaro?
Raquel Sheherazade teria, portanto, uma função educativa. Através da divulgação de seus pontos de vista, que representam as idiossincrasias de um segmento da população, a jornalista do SBT consegue expor à luz do dia milhares de vampiros ideológicos que se fingiam de mortos ou pareciam adormecidos durante anos, e que só surgiam de vez em quando, nas urnas em época de eleições, para eleger as mais estapafúrdias e anacrônicas personalidades políticas. Ao identificar um reaconário eu tenho como combatê-lo, a partir do direito ao debate, numa condição ideal de discurso que somente uma sociedade genuinamente democrática pode me conceder, como diria o filósofo alemão Jurgen Habermas. É através da transparência conferida apenas numa democracia, com liberdade de imprensa, que eu tenho como contra-atacar e denunciar o quanto é autoritário e antidemocrático o discurso daqueles que se acham acima do bem e do mal, na sua ilusão de classe, e que, assim como Sheherazadade, só trafegam na metrópole do trabalho para a casa e de casa para o shopping center, sem ter um pingo de conhecimento da realidade social. Pela democracia eu identifico os autoritários de plantão em seu discurso vazio do "adote um bandido" ou "bandido bom é bandido morto", com toda alienação inerente a esse tipo de discurso.
Por mim, que fiquem as "Sheherazades" com seus comentários idiotas nos meios de comunicação, justificando amarrar na rua adolescentes pretos e pobres com cadeados de bicicleta, como os brancos da Casa Grande justificavam os presos acorrentados no Pelourinho. Tais pessoas existem, nos dizeres do deputado Jean Willys, para serem combatidas, e é em nome desse bom combate que eu saúdo a todos os conservadores, direitistas e reaconários que agora corajosamente assumem sua posição política, e sem medo de bate-boca vão as ruas e fazem seus comentários nos meios de comunicação, deixando de lado o anonimato covarde da internet. Que venham Raquel Sheherazade e sua turma!! Como diziam os revolucionários na Guerra Civil Espanhola, que eles venham para o enfrentamento. No pasarán!!
A polêmica apresentadora virou atração fácil em talk shows e programas jornalísticos, por conta de suas afirmações, revelando-se em toda momento uma pessoa sorridente, educada, que, na verdade, teria sido incompreendida num universo onde não se tolera a liberdade de expressão. Em si, em suas entrevistas, Raquel Sheherazade revela-se uma mulher jovem, nordestina (oriunda de uma TV da Paraíba, quando foi descoberta por Silvio Santos), de bons modos e voz adocicada, que não se acha nem um pouco atrasada politicamente, e tem uma queda musical por heavy metal (ela já demonstrou por diversas ocasiões gostar de bandas como Iron Maiden e Metallica). Sob essa aparência, Raquel apresenta o figurino da mulher represante da Nova Direita: conservadora, bem sucedida e sem papas na língua. Acredito sinceramente que Raquel Sheherazade seja uma criação da TV. Uma espécie de Golem conservador, criado sob a forma de uma bela e educada mulher, que por detrás da aparência de boa moça destila ódio através das mais virulentas e politicamente incorretas afirmações. Se na democracia brasileira só faltava o surgimento de uma Direita que não tem medo de dizer o seu nome, ela finalmente apareceu sob o nome da apresentadora do SBT e de um séquito de neoidiotas que pretendem entulhar as ruas do país com sua ignorância e discursos racistas, homofóbicos e reaconários, em manifestações públicas que deverão reunir às claras milhares de apoiadores do deputado extremista Jair Bolsonaro, que finalmente vão sair das sombras e revelar a cara e o perfil social da Nova Direita no Brasil.
Celebridade instantânea: entrevistada no programa de Danilo Gentili. |
MARCHA PELA FAMÍLIA:Pessoas como Sheherazade querem de volta isso. |
Por mim, que fiquem as "Sheherazades" com seus comentários idiotas nos meios de comunicação, justificando amarrar na rua adolescentes pretos e pobres com cadeados de bicicleta, como os brancos da Casa Grande justificavam os presos acorrentados no Pelourinho. Tais pessoas existem, nos dizeres do deputado Jean Willys, para serem combatidas, e é em nome desse bom combate que eu saúdo a todos os conservadores, direitistas e reaconários que agora corajosamente assumem sua posição política, e sem medo de bate-boca vão as ruas e fazem seus comentários nos meios de comunicação, deixando de lado o anonimato covarde da internet. Que venham Raquel Sheherazade e sua turma!! Como diziam os revolucionários na Guerra Civil Espanhola, que eles venham para o enfrentamento. No pasarán!!
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