sexta-feira, 6 de julho de 2012

FUTEBOL: Salve o Corintians!!!

Enfim, campeões!
(foto:Reuters. retirado de br.esportes.yahoo.com)
Ao ver o título deste post, ninguém pense que mudei de lado, que virei a casaca trocando de time, ou que, de forma oportunista, escrevi sobre o time  paulista apenas para massagear o ego de meus amigos corintianos. Escrevo porque gosto de escrever sobre futebol, e, sendo amante do esporte bretão, tanto quanto do meu time do coração (o Botafogo),  decidi escrever  algumas linhas sobre a impressionante vitória do Corintians anteontem, ao conquistar pela primeira vez, em seus 101 anos de história, a tão sonhada taça de campeão da Copa Libertadores da América de 2012.

Ao ganhar, o Corintians finalmente torna-se mais um dos times tradicionais e famosos do país a engrossar a lista dos campeões brasileiros do famoso torneio continental (3 taças para o São Paulo e o Santos, 2 para Internacional, Grêmio e Cruzeiro, e 1 para o Flamengo, Vasco e Palmeiras, anteriormente) em mais de cinquenta anos da competição. Disputar uma Libertadores é quase ou tão importante quanto uma Copa América ou Champions League, perdendo de importância apenas para a a Copa da UEFA ou para a própria Copa do Mundo. Na Libertadores jogam as melhores equipes da América, revelando e consagrando talentos futebolísticos que marcam o estilo pitoresco e peculiar do  futebol sul-americano, que encanta o mundo com seus jogadores raçudos e suas torcidas enlouquecidas.Foi nesse cenário, em um estádio Pacaembu lotado, que a nação corintiana pôde finalmente comemorar um título que já vinha engasgado em sua garganta por meio  século, e que já tinha sido servido até de motivo para diversas piadas, principalmente de seus adversários palmeirenses e sãopaulinos. Finalmente, a hora do Corintians chegou!

Creio que a vitória do Timão no dia 04 de julho (memorável que  seja na mesma data do aniversário da independência dos Estados Unidos da América), pelo placar de 2 X 0 na última partida contra o hexacampeão Boca Juniors, foi também a vitória do futebol brasileiro contra mais uma equipe argentina. Nâo obstante a secada dos tradicionais adversários dos corintianos entre seus próprios compatriotas, acredito que o Corintians representou o Brasil na partida de ontem, não porque a Rede Globo iniciou uma verdadeira cruzada midiática, colocando o time lá em cima, na preferência das equipes nacionais,  com todo o marketing e propaganda envolvidos, e nem acho que o Corintians foi mais Brasil por conta dos escritos apaixonados do Juca Kfouri na crônica esportiva; mas sim porque o time paulista simbolizou anteontem a sagacidade, dedicação e compromisso de uma equipe que já estava faltando no futebol brasileiro. O Corintians ingressou na Libertadores como um time desacreditado, sem nenhuma estrela em sua equipe (a não ser que vocês me digam que Sheik, o herói da final, foi tão citado na imprensa esportiva nos últimos meses quanto Neymar, do Santos), com um técnico com fama de retranqueiro ( e que quase foi demitido do clube do ano passado) e com um esquema tático de poucos gols, mas defesa forte, que não deslumbrava ninguém. O Corintians chegou até a final e venceu, ganhando o torneio, porque teve disciplina e um pouco de sorte. Algo que a seleção de Parreira também obteve ao fazer o Brasil ganhar a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos e fez com que a Espanha fosse vencedora por duas vezes consecutivas na Eurocopa e no último Mundial: disciplina, posse de bola e um contra-ataque fulminante.

Tite triunfante!Um treinador que nunca perdeu para
argentinos. (retirado de omanicomio.com.br)
Ponto para Tite, técnido do time,  que apesar do apelido diminuto, demonstrou ser um gigante, ontem, no Pacaembu, ao correr sozinho ao redor da torcida, após a vitória, dando sua própria volta olimpíca, com o dedo indicador em riste, voltado para seus interlocutores de forma desafiadora, como que dizendo: "E aí? Eu não te disse? O que tem  a me dizer, agora? ". Com a vitória do Corintians sobre o Boca Juniors, Tite passa a compor também o panteão nacional dos melhores treinadores do planeta, com títulos internacionais para comemorar em seu extenso currículo de vitórias. Tite equipara-se ao saudoso Telê Santana, a Zagallo, Luiz Filipe Scolari, Muricy Ramalho, Abel Braga e Celso Roth. Assim como esses técnicos, Tite soube conhecer a derrota, assim como a vitória, fazendo da paciência o seu lema, e da determinação seu mantra. Admiro treinadores que conseguem aproveitar jogadores inexperientes ou limitados, aproveitando seu potencial e fazendo com que eles atinjam o seu máximo, para que a equipe inteira possa jogar harmoniosamente, a fim de conquistar um título tão desejado. Com a vitória, o Corintians conseguiu resgatar a narrativa épica no futebol, aquela dos mais frágeis que ao seguir em sua saga,vão se tornando mais fortes, até se agigantarem perante o adversário. Diante de um time seis vezes campeão da competição, a equipe corintiana conseguiu fazer com que um consagrado Riquelme comesse grama junto com seus compatriotas,vingando tantas outras equipes brasileiras que viram perdido o sonho de serem campeões da Libertadores, numa final de campeonato, aos pés da equipe argentina. A partir de ontem, o Corintians reescreveu a história dos conflitos nos gramados entre Brasil e Argentina na Libertadores da América. Como brasileiro, só posso dizer muito obrigado por isso!

Não há dinheiro que pague a satisfação
de  ver a cara  desolada dos jogadores
argentinos Schiavi e Caruzo, sem acreditar
na derrota do "invencível" Boca Juniors,
nos pés de um inexperiente Corintians.
(retirado de fotos.noticias.bol.uol.com.br)
Agora resta o Chelsea, na disputa de final de ano do Mundial Interclubes. Pode-se dizer que o Corintians tem até uma vantagem na disputa desse campeonato, tendo como adversário o time inglês: ele não é o Barcelona. Sem o risco de repetir o fiasco do Santos no ano passado, não tendo Messi e cia. pela frente, o time paulista tem tudo para sagrar-se campeão  também no Mundial, o que coroaria, por fim, um ano de muitos êxitos. Se o Corintians não conseguiu em 2011, no ano de seu centenário, a tão sonhada taça de torneio internacional que faltava em sua coleção, parece que o ano de  2012 lhe sorriu diferente. Caso conquiste os dois torneios internacionais mais importantes do ano (a Libertadores e o Mundial), o Corintians deverá ter  trajetória semelhante a do Flamengo, nos anos oitenta, graças a intensa investida midiática promovendo o time como um campeão natural na alma futebolística brasileira. Sabe-se que há trinta anos atrás, era o futebol do Rio de Janeiro que brilhava, tendo entre suas estrelas o expoente máximo da camisa rubro-negra. Com um grande apoio dos meios de comunicação, principalmente da Rede Globo, o Flamengo deixou de ser apenas  um tradicional time carioca para se tornar uma equipe nacional, detentora da maior torcida do país,o que lhe gerou mais problemas do que êxitos, uma vez que a conhecida megalomania flamenguista veio  daí, e desde 1981, na clássica campanha com Zico no ataque, o Flamengo nunca mais conseguiu ganhar uma Taça da Libertadores da América. Isso serve de lição para o Corintians, que corre o sério risco de tomar o lugar da liderança rubro-negra no coração dos torcedores brasileiros; mas que pode amargar também um jejum de títulos a partir daí, se não conseguir domar o seu próprio ego.

Quanto ao Flamengo, ahhh, o Flamengo. Creio que o time treinado pelo folclórico Joel Santana, ao ver o sucesso do Corintians, agora deve estar experimentando a sensação que os antepassados da torcida rubro-negra também tiveram, há distantes trinta anos atrás, quando um intrépido time carioca, liderado no ataque por um endiabrado Zico, fez com que o Flamengo se tornasse outra equipe novata a conquistar o torneio mais significativo das Américas. Nâo tenho a menor dúvida de que, ganhando ou perdendo o Mundial, o Corintians, em menos de uma década, retirará do Flamengo o título de time com a maior torcida nacional. Pergunte a qualquer criança de cinco anos, não induzida diretamente pelos pais torcecores, qual time ela gostaria de torcer, e ela irá lhe responder, de pronto: Corintians! Assim como era no começo da década de 80, com as crianças e adolescentes daquela época, que se diziam todas orgulhosamente flamenguistas. Culpa da Rede Globo, que assim como fez com o Flamengo, há três décadas atrás, quando um flamenguista Roberto Marinho transmitiu em cadeia nacional  os êxitos de seu time, conquistando milhares de adeptos no país inteiro, assim também estão fazendo as redes de televisão hoje, numa ofensiva midiática que quer transformar, por sua força na mobilização da opinião pública, o Corintians no time mais querido da torcida nacional.   Para ódio de palmeirenses, são paulinos, e, quem diria, até flamenguistas!

Ao final, dedico aqui este post a todos os meus amigos corintianos, sinceramente torcedores de um time que, apesar da quantidade de títulos nacionais, jamais tinha singrado horizontes tão longínquos da vitória, conquistando um campeonato internacional tão importante quanto a Libertadores. Rogo para que meu humilde Botafogo, que já foi campeão nacional, também chegue um dia (ou, na verdade, volte a chegar) ao patamar de campeão continental, erguendo a taça com tanto orgulho, depois de tantas trapaças, gozações e privações por que passa uma equipe inteira de futebol, para tentar se firmar. Parabéns, corintianos! A vitória é sua! Podem comemorar!

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