A XXXI edição dos Jogos Olímpicos, em 2016, aconteceu pela primeira vez em um país do Hemisfério Sul. Para ser mais exato, no Brasil, na América Latina. O Rio de Janeiro, com sua paisagem paradisíaca (além da caótica e violenta vida urbana) foi cenário da edição mais marcante das Olimpíadas, para os brasileiros, desde sua primeira edição na era moderna, em Atenas, no ano de 1896, quando o barão Pierre de Coubertin teve a brilhante ( e diplomática) ideia, de reunir os povos mundialmente num evento que reproduzia os jogos realizados pelos gregos antigos, numa celebração esportiva que tomaria o lugar das guerras e proporcionaria uma abertura nas relações e trocas comerciais. O negócio deu tão certo que continua até os dias de hoje, com uma avalanche grandiosa de marketing e investimento público e comercial. Historicamente, o legado dos Jogos repercute no desenvolvimento econômico e social dos países que lhe foram sede de maneira positiva, e no Rio de Janeiro, mesmo com todos os nossos problemas, isso não poderia ser diferente.
São diversos e tantos aspectos que podem ser explorados, como retrospectiva e avaliação dessas Olimpíadas, exibidos à exaustão pelos meios de comunicação, que eu me vali de comentários distribuídos em 15 itens, para maior compreensão do leitor. Por isso, eu listo aqui, esquematicamente, os que, para mim, foram os fatos mais marcantes dessa Olimpíada:
1) O QUADRO DE MEDALHAS: A delegação brasileira de 462 atletas ( a maior da história) fez pouco em relação às Olimpíadas de Londres, em 2012, quando então o Brasil atingiu a sua marca histórica da maior quantidade de medalhas (seguindo o critério do Comitê Olímpico Internacional-COI), perfazendo, este ano, um recorde de 19 medalhas, sendo que 7 foram de ouro (em comparação com 5 de ouro em Londres), 6 de prata e 6 de bronze. A meta do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) era de que no Rio de Janeiro, o país ficasse no seleto grupo, entre as dez maiores nações do mundo, ganhadoras de medalhas nos Jogos. Nesse sentido, batemos na trave, ficando numa honrosa 13ª colocação, atrás de Austrália, Holanda e Hungria, mas na frente de países europeus ou do hemisfério norte, alguns primeiro-mundistas e com grande investimento no esporte, tais como Espanha, Croácia e Canadá, e outros com tradição de medalhas, como Quênia, Jamaica, e Cuba. Em relação a Jamaica e Quênia, vale salientar os destaques tradicionais de atletas africanos e jamaicanos no atletismo, nas corridas de curta ou longa distância, sempre disputando (e ganhando) medalhas de ouro, o que os bem posiciona no ranking, e ajudou seus países a crescer no quadro de medalhas; com a consagração de atletas como os velocistas Usain Bolt e Elaine Thompson, nos 100 metros rasos, e os quenianos, Asbel Kiprop, nos 1.500 metros e Vivian Cheruyot, nos 5.000 metros, nas modalidades masculinas e femininas, respectivamente. Cuba, por sua vez, vem demonstrando historicamente uma decadência esportiva no quadro de medalhas, que corresponde a profunda crise econômica que assola continuamente a ilha dos irmãos Castro, principalmente após o fim da Guerra Fria e a morte de seu principal apoiador, o líder venezuelano Hugo Chavez.
2) O "JAPA" DO TIRO: Assim como Guilherme Paraense foi o primeiro brasileiro a conquistar medalha para o Brasil (ouro) na história, em uma Olimpíada, atirando de uma pistola (nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em, 1920, no tiro esportivo), a primeira medalha olímpica para o Brasil, no segundo dia dos jogos, foi obtida por um jovem militar, descendente de orientais, com cara de jogador de "Pokemon Go", que conquistou a medalha de prata no tiro, na pistola de ar de 10 m, sendo superado apenas por um vietnamita. Felipe Wu bateu continência com satisfação ao receber sua medalha, enquanto a bandeira brasileira descia na cerimônia de entrega aos três maiores atiradores do torneio, e escreveu com seu prodígio mais um capítulo da participação dos brasileiros nos Jogos Olímpicos.
3) A CONQUISTA DA MOÇA QUE VEIO DA FAVELA REABILITA O JUDÔ: Se Sarah Menezes decepcionou no Rio de Janeiro, e o judô, modalidade esportiva que tradicionalmente traz medalhas para o Brasil em Olimpíadas, não teve lá seus melhores resultados, ao menos uma medalha de ouro foi pendurada no pescoço de uma moça negra, de origem extremamente humilde, que foi salva da pobreza na Cidade de Deus através de um projeto governamental, que a transformou em campeã olímpica. Rafaela Silva redimiu-se da decepção passada, quando foi desclassificada em Londres, para subir no pódio mais alto no tatame, conquistando a medalha de ouro. Assim como Felipe Wu, Rafaela ingressou nas Forças Armadas e foi aproveitada pelo Estado brasileiro para desenvolver seu potencial olímpico. Graças a ela, deu-se mais uma prova de que inclusão social no esporte não é mero projeto, mas realidade. Que se continue assim!
2) O "JAPA" DO TIRO: Assim como Guilherme Paraense foi o primeiro brasileiro a conquistar medalha para o Brasil (ouro) na história, em uma Olimpíada, atirando de uma pistola (nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em, 1920, no tiro esportivo), a primeira medalha olímpica para o Brasil, no segundo dia dos jogos, foi obtida por um jovem militar, descendente de orientais, com cara de jogador de "Pokemon Go", que conquistou a medalha de prata no tiro, na pistola de ar de 10 m, sendo superado apenas por um vietnamita. Felipe Wu bateu continência com satisfação ao receber sua medalha, enquanto a bandeira brasileira descia na cerimônia de entrega aos três maiores atiradores do torneio, e escreveu com seu prodígio mais um capítulo da participação dos brasileiros nos Jogos Olímpicos.
3) A CONQUISTA DA MOÇA QUE VEIO DA FAVELA REABILITA O JUDÔ: Se Sarah Menezes decepcionou no Rio de Janeiro, e o judô, modalidade esportiva que tradicionalmente traz medalhas para o Brasil em Olimpíadas, não teve lá seus melhores resultados, ao menos uma medalha de ouro foi pendurada no pescoço de uma moça negra, de origem extremamente humilde, que foi salva da pobreza na Cidade de Deus através de um projeto governamental, que a transformou em campeã olímpica. Rafaela Silva redimiu-se da decepção passada, quando foi desclassificada em Londres, para subir no pódio mais alto no tatame, conquistando a medalha de ouro. Assim como Felipe Wu, Rafaela ingressou nas Forças Armadas e foi aproveitada pelo Estado brasileiro para desenvolver seu potencial olímpico. Graças a ela, deu-se mais uma prova de que inclusão social no esporte não é mero projeto, mas realidade. Que se continue assim!
3) A CONSAGRAÇÃO DOS SEMIDEUSES DO ESPORTE: A Olimpíada do Rio de Janeiro também ficará para a história como o evento esportivo em que se aposentaram no auge da fama e do vigor físico dois gigantes de suas respectivas modalidades: o nadador norte-americano Michael Phelps e o corredor jamaicano Usain Bolt. O primeiro, um verdadeiro super-humano nas águas, além de já ter sido considerado o maior atleta olímpico da história, com a maior quantidade de vitórias conquistadas, na Olimpíada de Londres, e que, no Rio, viu aumentar seu quadro impressionante de medalhas, conquistando o inédito tetracampeonato na natação, com medalha de ouro nos 200 metros medley, além de 23 medalhas conquistadas no total. Agora, se Phelps é considerado insuperável na água, o homem mais rápido do mundo em terra é Bolt. Com forma física impecável, disputando sua última Olimpíada, Bolt praticamente voou nas pistas da arena carioca, encantando o mundo inteiro com sua força física e carisma (a pose do "raio" que o celebrizou, não podia faltar). Ambos os atletas chegaram à maturidade, após passarem dos 30 anos de idade, ricos, famosos e consagrados, com famílias a sustentar e um séquito incalculável de fãs. Nesta Olimpíada Phelps e Bolt despediram-se do público de forma épica. As cenas do nadador norte-americano, chocando o mundo com suas impressionantes marcas na piscina, e Bolt, correndo com um sorriso no rosto, nos metros finais que o aproximavam da vitória, nos 100, 200 e 400 metros, são imagens que ficarão na memória de gerações para sempre, e eu tive o privilégio de viver para ver esses superatletas darem o melhor de si e transformar o esporte num verdadeiro espetáculo. Obrigado por tudo, Phelps! Obrigado, Bolt!! Com personalidades distintas, mas ambos carismáticos, estes dois esportistas são, de longe, os maiores e mais honrados personagens desta Olimpíada.
4) A DECEPÇÃO DAS ATLETAS BRASILEIRAS NAS MODALIDADES FEMININAS, COLETIVAS E INDIVIDUAIS: As apostas eram grandes, a esperança infinita, o rendimento alto, a torcida enlouquecida, e os resultados anteriores, impecáveis. Mesmo com todos esses ingredientes, as seleções de futebol, voleibol e handebol femininas não conseguiram chegar longe nessas Olimpíadas, perdendo a oportunidade de disputar medalhas. A seleção de futebol de Marta e Cristiane, bem que tentou, em duas dramáticas e consecutivas decisões de pênaltis, contra a Austrália, nas quartas de final, e contra a Suécia, na semifinal, mas não conseguiram, na segunda oportunidade, evitar a derrota e a perda de oportunidade de disputar a final olimpíca, além de desperdiçarem a possibilidade de obter a medalha de ouro, quando, desmotivadas após um retrospecto de vitórias, perderam a disputa da medalha de bronze para a seleção do Canadá. Talvez o único gostinho de consolação para as jogadoras brasileiras foi ver a fragorosa derrota das algozes norte-americanas, na primeira fase do torneio, com direito a um "frango" da tão bonita quanto desbocada goleira Hope Solo.
Mas a derrota sempre tem um gosto ruim, principalmente para o basquete brasileiro. Nem chegando à sombra do que era uma seleção olímpica nos áureos tempos de Paula, Marta e Hortência, o time brasileiro de basquete feminino, que veio para as Olimpíadas, somente veio para perder. Não conseguiram ganhar um jogo sequer, sendo eliminadas precocemente na primeira fase do torneio. O handebol feminino, campeão mundial, fez mais bonito, chegando a ganhar três partidas consecutivas, até ser eliminado nas quartas de final pela forte seleção dos Países Baixos.
Entretanto, o caso mais traumático de derrota de uma equipe feminina nos esportes coletivos foi a inesperada queda diante da seleção de vôlei contra a China, nas quartas de final do torneio olímpico. A equipe das bicampeãs olímpicas Sheila, Jacqueline e Fernanda Garay tinham eliminado por 3 sets a 0 todas as equipes que pegaram pela frente, na primeira fase (inclusive a China), e foi impressionante como a equipe do vitorioso técnico José Roberto Guimarães viu o sonho do tricampeonato desabar diante da eficiência do contra-ataque chinês. A comovente cena de ver o neto de 6 anos de Guimarães, descer chorando as arquibancadas do ginásio Maracanãzinho, coberto com uma bandeira do Brasil e correndo em direção ao avô para abraçá-lo, também resistiu nas minhas retinas e na minha mente, como uma das imagens dessa Olimpíada.
Até mesmo no vôlei de praia, carro-chefe de uma modalidade que nasceu nas areias das praias cariocas, as mulheres não tiveram sucesso em ganhar uma merecida medalha de ouro. A dupla Ágatha e Bárbara sucumbiu na final diante das alemãs Ludwig e Walkenhorst, que, muito melhores, venceram a disputam por dois sets a zero, deixando as brasileiras com o mérito de permanecer apenas com a medalha de prata. Mesmo na disputa do bronze, o Brasil também não conseguiu se impor, com a dupla Larissa e Talita, perdendo a disputa para a dupla feminina norte-americana, não conquistando medalha.
Mas, talvez, a meu ver, a maior decepção individual feminina desses jogos não foi a derrota da judoca Sara Menezes, medalhista de ouro em Londres e primeira brasileira campeã olímpica da modalidade, que, desta vez, não conseguiu repetir o feito e acabou saindo contundida na disputa dos pesos ligeiros do judô. O que mais me impressionou foi mais uma derrota retumbante no salto com vara da saltadora Fabiana Murer, campeã mundial em 2011, na sua modalidade. As expectivas eram grandes em relação a ela, até porque sua principal e célebre adversária, a campeã olímpica russa Yelena Ysimbaeva, foi proibida de participar dessa edição dos Jogos, por conta das denúncias de dopping no atletismo de seu país e a polêmica proibição do COB da participação da Rússia, por conta dessas revelações. Talvez por conta disso, muitos esperassem que Murer viesse à forra, após duas decepcionantes participações nas Olimpíadas de Pequim e Londres, onde, em ambas, a atleta brasileira era favorita. Desta vez, não foi por conta do desaparecimento de suas varas e nem por conta do vento, que a saltadora Fabiana Murer não viu a cor de uma medalha. Aos 35 anos, lesionada com uma forte hérnia de disco e quase sem condições de competir, a paulista não conseguiu sequer passar da fase eliminatória, errando seus três saltos e anunciando, desapontada, sua possível aposentadoria. Realmente, uma pena!
5) A DECEPÇÃO BRASILEIRA NA NATAÇÃO: Enquanto norte-americanos como Michael Phelps e Ryan Lochte brilhavam na natação, nossos nadadores, tanto na equipe masculina quanto na feminina, decepcionaram nos jogos, sem levar medalha alguma. O esforço de Thiago Pereira e a atuação de Joanna Maranhão nas piscinas olímpicas merecem respeito e reconhecimento, mas a grande falta sentida foi mesmo de César Cielo, primeiro brasileiro campeão olímpico dos 50 metros, em Pequim. O drama de Cielo começou antes dos Jogos, quando ele sequer atingiu a marca para ser classificado para as Olimpíadas em seu próprio país, o que levou a um período de depressão e reclusão, recusando-se até mesmo a carregar a tocha olímpica. Num país de herança subdesenvolvida, ter medalhistas olímpicos em modalidades nobres e tradicionais do evento esportivo mais importante do mundo, como a natação, ginástica e atletismo é quase uma questão de honra, e, não ter ganho uma medalhinha sequer na citada primeira modalidade, deve ser motivo de preocupação (e muito bronca) para o Comitê Olímpico Brasileiro.
5) A DECEPÇÃO BRASILEIRA NA NATAÇÃO: Enquanto norte-americanos como Michael Phelps e Ryan Lochte brilhavam na natação, nossos nadadores, tanto na equipe masculina quanto na feminina, decepcionaram nos jogos, sem levar medalha alguma. O esforço de Thiago Pereira e a atuação de Joanna Maranhão nas piscinas olímpicas merecem respeito e reconhecimento, mas a grande falta sentida foi mesmo de César Cielo, primeiro brasileiro campeão olímpico dos 50 metros, em Pequim. O drama de Cielo começou antes dos Jogos, quando ele sequer atingiu a marca para ser classificado para as Olimpíadas em seu próprio país, o que levou a um período de depressão e reclusão, recusando-se até mesmo a carregar a tocha olímpica. Num país de herança subdesenvolvida, ter medalhistas olímpicos em modalidades nobres e tradicionais do evento esportivo mais importante do mundo, como a natação, ginástica e atletismo é quase uma questão de honra, e, não ter ganho uma medalhinha sequer na citada primeira modalidade, deve ser motivo de preocupação (e muito bronca) para o Comitê Olímpico Brasileiro.
6) O CHORO DO FRANCÊS E A FORÇA ATERRORIZANTE DAS VAIAS: De um lado, um campeão mundial destemido, europeu, oriundo de um país desenvolvido, aos 28 anos no auge do vigor físico, arrogante, concentrado, sabedor de seu talento e limitações, mas seguro da vitória, após superar um recorde histórico em sua modalidade, que tinha permanecido intocável por mais de vinte anos. Do outro, um jovem de origem humilde, nascido e criado num país da subdesenvolvida América Latina, egresso das categorias juvenis, com ótimos resultados, munido de um bom treinador, e aos 22 anos cheio de energia e aberto às oportunidades, inclusive, de ganhar uma medalha de ouro. Nesse duelo improvável, onde surgiu de forma fascinante mais um campeão olímpico, pude acompanhar, como num roteiro de filme, a espetacular vitória do saltador Thiago Braz, sobre o favorito francês Renauld Lavillenie, no salto com vara. Como todo brasileiro que assistia os jogos, sabedor da falta de tradição e da raridade do Brasil em conquistar medalhas de ouro no atletismo, eu jamais imaginaria que, para minha (grata) surpresa, o competidor brasileiro iria tão longe, e, pior, geraria uma das cenas mais extraordinárias que já vi numa arena olímpica. E começou tudo de forma tímida, mas marcante, precisa, progressiva. Enquanto o brasileiro procurava manter e superar suas marcas, junto com os demais competidores, pulando 4,90; 5,20; 5,80 metros, o competidor francês permanecia impassível, sem cumprimentar ninguém, introspectivo, sereno até, como que aguardando o resultado inevitável que lhe daria a vitória. Nesse dia, pularam, entre várias nacionalidades, competidores que vinham da Polônia, China, Rússia, Ucrânia, mas, nos últimos saltos, somente ficaram entre os três últimos a ganhar medalha, um norte-americano, um francês e um brasileiro. Da arquibancada, o técnico de Thiago Braz, o idoso e experiente técnico Vitaly Petrov (que tinha sido o mesmo de Sergey Bubka, até hoje uma verdadeira lenda do esporte, ganhador da medalha nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, e 11 vezes campeão mundial), orientava seu jovem pupilo entre os saltos, permanecendo sem esboçar emoção alguma, enquanto seu atleta pulava. Até que veio a mágica do esporte. Pedindo para saltar uma altura que nunca havia superado, os 6,6 metros, Thiago conseguiu a proeza de superar o salto de seu adversário francês, que já havia pulado 5,98. Lavillenie sentiu a pressão. Enquanto Thiago Braz marcava um recorde olímpico, o competidor francês, campeão mundial em sua modalidade, tentou fazer a mesma marca que já havia feito in door, de 6, 16m, superando o recorde anterior de 6,15m de Bubka. Não deu certo. Na única chance que tinha, o francês perdeu, e o Brasil explodiu em festa com mais uma medalha de ouro olímpica. Não ajudou o fato de Lavillenie ter culpado a torcida brasileira, que o vaiou constantemente, enquanto ele tentava acertar seu último salto, ao tentar repreender o povão, mostrando sua indignação, com o dedo polegar voltado para baixo. O que se seguiu, então, foi um espetáculo de glória para o atleta brasileiro, e de vergonha para o francês.
Não adianta explicar ao brasileiro que, em eventos esportivos internacionais realizados no mundo, o silêncio da plateia é fundamental, em algumas modalidades, principalmente no salto com vara, que, praticado ao ar livre, além de contar com a direção e força do vento, ainda precisa contar com a concentração de seus competidores. Revoltado e inconformado com a derrota que o levou a medalha de prata, Renaud Lavillenie chegou a comparar, com frases infelizes na imprensa, as vaias da torcida brasileira as do público alemão, nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, quando o atleta negro, norte-americano, Jesse Owens, conquistou a medalha de ouro no atletismo, sob reprovação de Hitler e do todo o staff nazista. Ora, os brasileiros não tem nada contra Lavillenie e nem contra os franceses, e, na verdade, não tem nada contra jogador algum. Aqui, vaia-se na hora em que nossos atletas estão em campo e não correspondem ao esperado, assim como vaiamos o time adversário, como forma de dar força ao nosso time e não para desmerecer ou desprestigiar o rival. Faltou essa lição de antropologia ao nosso pobre Lavillenie, que acabou pagando o pato por toda sua empáfia antes e depois da derrota para o brasileiro. Na entrega de medalhas, cheguei a ter pena do coitado que, um dia, queria ser campeão olímpico nos jogos brasileiros, e, ao ser vaiado na premiação, caiu em prantos, não resistindo à pressão, na cerimônia de entrega de medalhas. Foi preciso o próprio Sergey Bubka, em pessoa, aparecer na área, diante das câmeras de jornalistas do mundo inteiro, para desfazer o mal estar, reconciliando o francês com o brasileiro, ao menos temporariamente. Fica a lição para o campeão francês, que uma medalha de ouro não se ganha de véspera; e para o brasileiro: aproveite a oportunidade, pois muitas ainda estão por vir.
Não adianta explicar ao brasileiro que, em eventos esportivos internacionais realizados no mundo, o silêncio da plateia é fundamental, em algumas modalidades, principalmente no salto com vara, que, praticado ao ar livre, além de contar com a direção e força do vento, ainda precisa contar com a concentração de seus competidores. Revoltado e inconformado com a derrota que o levou a medalha de prata, Renaud Lavillenie chegou a comparar, com frases infelizes na imprensa, as vaias da torcida brasileira as do público alemão, nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, quando o atleta negro, norte-americano, Jesse Owens, conquistou a medalha de ouro no atletismo, sob reprovação de Hitler e do todo o staff nazista. Ora, os brasileiros não tem nada contra Lavillenie e nem contra os franceses, e, na verdade, não tem nada contra jogador algum. Aqui, vaia-se na hora em que nossos atletas estão em campo e não correspondem ao esperado, assim como vaiamos o time adversário, como forma de dar força ao nosso time e não para desmerecer ou desprestigiar o rival. Faltou essa lição de antropologia ao nosso pobre Lavillenie, que acabou pagando o pato por toda sua empáfia antes e depois da derrota para o brasileiro. Na entrega de medalhas, cheguei a ter pena do coitado que, um dia, queria ser campeão olímpico nos jogos brasileiros, e, ao ser vaiado na premiação, caiu em prantos, não resistindo à pressão, na cerimônia de entrega de medalhas. Foi preciso o próprio Sergey Bubka, em pessoa, aparecer na área, diante das câmeras de jornalistas do mundo inteiro, para desfazer o mal estar, reconciliando o francês com o brasileiro, ao menos temporariamente. Fica a lição para o campeão francês, que uma medalha de ouro não se ganha de véspera; e para o brasileiro: aproveite a oportunidade, pois muitas ainda estão por vir.
7) A REDENÇÃO DE DIEGO HYPÓLITO E A CONSAGRAÇÃO DE ARTHUR ZANETTI NA GINÁSTICA: Devido ao seu alto grau de exigência, a ginástica olímpica não é fácil pra ninguém. Principalmente para um ginasta experiente, bicampeão mundial, como Diego Hypólito, na busca de uma medalha em Olimpíadas, que viu dois fracassos olímpicos em duas edições anteriores dos jogos, estragarem seu favoritismo de forma dramática. Em Pequim, ele caiu de bunda, na final do solo masculino no tablado, e, em Londres, caiu novamente, durante a execução de suas manobras acrobáticas, o que levaram a perder o sonho de levar uma medalha para casa. Oito anos depois do vexame de Pequim, que lhe rendeu "memes" e zombarias em programas humorísticos, finalmente Diego se superou no Rio de Janeiro, e mostrou o grande ginasta que é. Aos 30 anos, tornando-se o mais velho competidor da final, Diego Hypólito conseguiu a medalha de prata, numa execução quase perfeita de seu solo (digo, quase, por conta da pontuação dos juízes, visto que sua apresentação foi impecável). Depois de muita terapia e superando uma depressão, Diego deu uma lição para o Brasil e uma bofetada moral nos seus críticos, dando a volta por cima, fazendo a alegria não apenas de sua família, como sua emocionada irmã, a ex-ginasta, Daniele, mas de toda a torcida brasileira, que soube reconhecer, finalmente, o seu astro. Parabéns, Diego! Medalhista olímpico. Ele, seu colega no solo Arthur Nory, que conquistou a medalha de bronze na mesma prova e o ginasta Arthur Zanetti (medalha de ouro em Londres) que conseguiu também a prata nas argolas, são o exemplo de atletas brasileiros que, hoje, compõem um seleto e pequeno grupo dos melhores ginastas do mundo, de renome internacional. Pode-se dizer que atualmente o Brasil é uma das potências olímpicas na ginástica.
8) DESCENDENTE DE ÍNDIO, E ASTRO BRASILEIRO DA CANOAGEM COM TRÊS MEDALHAS: O nome dele é Isaquias Queiroz. Além do cabelo engraçado, com a franja alisada, ele tem a pele morena, cor de urucum, herdada de seus descendentes indígenas no interior da Bahia, um rim a menos, e, oriundo de uma família de pescadores, o atleta brasileiro da canoagem renovou a modalidade para o povo brasileiro. Nas 3 provas que participou (um bronze canoa individual 200 metros, e prata na canoa individual 1000 metros e canoa dupla, 1000 metros, juntamente com o conterrâneo, Erlon de Souza Silva), Isaquias tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas numa mesma Olimpíada (duas de prata e uma de bronze). O ouro não chegou ainda para ele, apesar de ter chegado perto, mas, com somente 22 anos, tudo leva a crer que ouviremos falar muito de um rapaz que representa uma das faces (e a alma) do povo brasileiro.
9) QUANDO O SOBRENOME (E O TALENTO FAMILIAR) FAZ A DIFERENÇA: Foi criada muita expectativa quanto à derradeira participação do veterano velejador e campeão olímpico brasileiro, Robert Scheidt, nesta Olimpíada, que, aos 43 anos, tentaria igualar os feitos nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e Atenas, em 2004, no iatismo. Infelizmente, não houve mais condições para o citado atleta conquistar medalhas nas águas da Baía da Guanabara. Entretanto, na modalidade da vela, o Brasil não ficou de mãos abanando, e coube a Martine Grael, acompanhada de Kahena Kuzne, formarem a dupla vitoriosa de velejadoras que conquistaram a medalha de ouro do iatismo, na classe 49 FX. Martine, filha de outro campeão olímpico, Torben Grael, honrou não apenas o sobrenome familiar, provando que "filha de peixe, peixinha é!", mas também honrou o país com seu feito histórico. Assim, uma dinastia de velejadores mantém-se firme para disputar o ouro em outros jogos.
10) FINALMENTE O RECONHECIMENTO DO BOXE: Nos Jogos Panamericanos as medalhas de ouro já tinham chegado, mas foi preciso ter uma Olimpíada no Rio de Janeiro, para que o boxe brasileiro fosse finalmente reconhecido como potência olímpica mundial, com a conquista da medalha de ouro pelo pugilista Robson da Conceição, na categoria de peso ligeiro. Em Londres, o Brasil tinha chegado perto da cobiçada medalha dourada, com dois irmãos lutadores: Esquiva (prata) e Yamagushi (bronze) Falcão. Mas, desta vez, na Cidade Maravilhosa, foi a vez de Robson levar para o Brasil um merecido ouro, após derrotar o favorito, o cubano e campeão olímpico Lázaro Álvarez, nas semifinais da competição. Aliás, a rivalidade entre Cuba e Brasil já se tornou histórica com os últimos confrontos olimpícos, e o êxito de nossos lutadores revela um futuro de glórias futuras na modalidade.
8) DESCENDENTE DE ÍNDIO, E ASTRO BRASILEIRO DA CANOAGEM COM TRÊS MEDALHAS: O nome dele é Isaquias Queiroz. Além do cabelo engraçado, com a franja alisada, ele tem a pele morena, cor de urucum, herdada de seus descendentes indígenas no interior da Bahia, um rim a menos, e, oriundo de uma família de pescadores, o atleta brasileiro da canoagem renovou a modalidade para o povo brasileiro. Nas 3 provas que participou (um bronze canoa individual 200 metros, e prata na canoa individual 1000 metros e canoa dupla, 1000 metros, juntamente com o conterrâneo, Erlon de Souza Silva), Isaquias tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas numa mesma Olimpíada (duas de prata e uma de bronze). O ouro não chegou ainda para ele, apesar de ter chegado perto, mas, com somente 22 anos, tudo leva a crer que ouviremos falar muito de um rapaz que representa uma das faces (e a alma) do povo brasileiro.
9) QUANDO O SOBRENOME (E O TALENTO FAMILIAR) FAZ A DIFERENÇA: Foi criada muita expectativa quanto à derradeira participação do veterano velejador e campeão olímpico brasileiro, Robert Scheidt, nesta Olimpíada, que, aos 43 anos, tentaria igualar os feitos nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e Atenas, em 2004, no iatismo. Infelizmente, não houve mais condições para o citado atleta conquistar medalhas nas águas da Baía da Guanabara. Entretanto, na modalidade da vela, o Brasil não ficou de mãos abanando, e coube a Martine Grael, acompanhada de Kahena Kuzne, formarem a dupla vitoriosa de velejadoras que conquistaram a medalha de ouro do iatismo, na classe 49 FX. Martine, filha de outro campeão olímpico, Torben Grael, honrou não apenas o sobrenome familiar, provando que "filha de peixe, peixinha é!", mas também honrou o país com seu feito histórico. Assim, uma dinastia de velejadores mantém-se firme para disputar o ouro em outros jogos.
10) FINALMENTE O RECONHECIMENTO DO BOXE: Nos Jogos Panamericanos as medalhas de ouro já tinham chegado, mas foi preciso ter uma Olimpíada no Rio de Janeiro, para que o boxe brasileiro fosse finalmente reconhecido como potência olímpica mundial, com a conquista da medalha de ouro pelo pugilista Robson da Conceição, na categoria de peso ligeiro. Em Londres, o Brasil tinha chegado perto da cobiçada medalha dourada, com dois irmãos lutadores: Esquiva (prata) e Yamagushi (bronze) Falcão. Mas, desta vez, na Cidade Maravilhosa, foi a vez de Robson levar para o Brasil um merecido ouro, após derrotar o favorito, o cubano e campeão olímpico Lázaro Álvarez, nas semifinais da competição. Aliás, a rivalidade entre Cuba e Brasil já se tornou histórica com os últimos confrontos olimpícos, e o êxito de nossos lutadores revela um futuro de glórias futuras na modalidade.
11)O ESCÂNDALO DE RYAN LOCHTE: Belo, talentoso, medalhista olímpico, amigo de Michael Phelps e a segunda maior estrela da natação mundial, o nadador norte-americano Ryan Lochte tinha tudo para ter saído do Brasil deixando uma boa impressão, com as medalhas de ouro conquistadas no revezamento 4 X 200 metros e prata nos 200 metros medley. Entretanto, um incidente com ares de reality show tornou-se um dos maiores escândalos de celebridade do ano, capaz até mesmo de ofuscar, durante alguns dias, a festa olímpica de Phelps, dado o caráter tragicômico do ocorrido. Numa suposta "saidinha" para a farra, da Vila Olímpica, Lochte fez tudo o que faz um cara jovem, bonito e famoso, quando está de folga, após ter ganho medalhas olímpicas: festejar (e, no caso dele, acompanhado de uma bela mulher). O problema é que ele se esqueceu de avisar a noiva nos EUA, e além de ter pulado a cerca, o norte-americano meteu-se numa enrascada policial desnecessária, ao mentir para as autoridades no seu retorno ao alojamento, pela madrugada, após ter voltado embriagado de uma festa, onde, alegou que ele e seus companheiros de equipe tinham sido assaltados e mantidos reféns por um curto período, sob o cano de uma arma. Tudo mentira! A molecagem só durou o tempo suficiente para que a Polícia Federal entrasse no caso, tivesse acesso a imagens de vídeo, e tivesse constatado que tudo não passou de uma farsa, montada por Lochte e seus amigos, com direito a cenas de uma loja de conveniências e um posto de gasolina depredados, além da briga com seguranças. Por conta da mentira, já desembarcado em solo americano, o nadador teve que pedir desculpas publicamente, além de perder, de cara, três patrocínios importantes, constranger todo o Comitê Olímpico norte-americano pelo vexame em terras cariocas e estar sujeito a suspensão de suas atividades esportivas. Creio que Ryan Lochte é um cidadão estrangeiro que não vai querer pousar no Rio de Janeiro nem tão cedo!
12) O ÊXITO BRASILEIRO ( E AS DERROTAS) NOS ESPORTES COLETIVOS: Qual brasileiro que gosta de jogos não fica feliz quando o principal esporte coletivo nacional conquista a medalha de ouro numa Olimpíada? Qual brasileiro não se alegra mais ainda se, no dia seguinte, o segundo maior esporte coletivo nacional também ganha o ouro? Foi isso que aconteceu no penúltimo e último dia dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. No sábado, dia 20 de agosto, às 17 horas, a seleção brasileira de futebol, capitaneada pelo astro do Barcelona, Neymar, finalmente desencantou e fez às pazes com a torcida brasileira, após um fatídico 7 X 1 na Copa do Mundo, também em solo brasileiro, em 2014, que entrará para os livros de histórica como a maior vergonha nacional de um país numa partida em um Mundial de futebol. Deus (e para os cronistas, os "deuses" do futebol) quis que a final olímpica fosse justamente com a Alemanha, o algoz de 2014, e, atuando não mais como meninos chorões, mas sim como jogadores profissionais de uma equipe nacional, a seleção brasileira empatou no tempo normal em 1 X 1, com direito a gol de Neymar, e na disputa de pênaltis prevaleceu o Brasil, sendo Neymar, novamente, o autor do último gol que levou o Brasil, pentacampeão mundial de futebol, a finalmente carregar no pescoço a medalha de ouro, que os brasileiros deixaram escapar ao menos outras quatro vezes, em Jogos Olímpicos. O Rio de Janeiro foi palco, portanto, de uma redenção nacional no futebol.
Redenção também é a palavra que deve ser aplicada ao voleibol masculino, treinado mais uma vez pelo técnico campeão Bernardinho, em uma quarta final consecutiva da seleção brasileira, em Olimpíadas. Depois de Atenas, em 2004, quando o Brasil foi bicampeão olímpico, o país não conseguia a medalha de ouro, ficando com a prata, tanto em Pequim em 2008, quanto em Londres, em 2012, perdendo, respectivamente, para os Estados Unidos e para a Rússia. Mas foi justamente contra duas potências esportivas que o grupo de Bernardinho, contando com jovens atacantes, da nova geração do vôlei, como Wallace e Lucarelli, comandados por Bruninho, e uma atuação brilhante do experiente jogador Lipe, que, assumiu o protagonismo com seus saques matadores e elevou o moral de uma equipe inexperiente, o Brasil do voleibol reencontrou seu jogo. Diferentemente das meninas da equipe feminina, que eram favoritas, os homens do voleibol saíram de fracassos seguidos em Olimpíadas e Ligas Mundiais, desacreditados na primeira fase do torneio no Rio, correndo o risco de serem desclassificados, antes de uma dramática partida contra França, e depois de uma atuação redentora contra a Argentina, quando os brasileiros recuperaram a moral perdida, ganhando a semifinal e final do vôlei de forma inesquecível, vencendo todos os sets dos jogos, com os resultados de 3 X 0 tanto contra a Rússia, quanto contra a poderosa Itália, na final do domingo, dia 21 de agosto. Enfim,o Brasil tornou-se tricampeão olímpico no voleibol masculino e potência mundial incontestável na modalidade. Foi a consagração não só do técnico, mas também do veterano líbero Serginho, retirado da aposentadoria para jogar mais uma (e a última Olimpíada), que, aos prantos, e abraçado ao filho pequeno, foi outra imagem singela do vôlei (somada a do técnico derrotado José Roberto, com o neto, no vôlei feminino), que deve ser gravada como imagem eterna e emocionante destes Jogos.
Também no vôlei, mas agora no vôlei de praia, finalmente a dupla Alison "Mamute" e Bruno Schmitt honrou a fama e a tradição da modalidade, na terra em que ela nasceu, conquistando a final e a medalha de ouro, ao derrotar a dupla adversária italiana, tornando-se, também, campeões olímpicos. Com a proeza, a dupla brasileira conquistou um ouro olímpico que não vinha desde a dupla vitoriosa Ricardo e Emanuel, últimos campeões da modalidade na Olimpíada de Atenas, em 2004.
Agora, o que melou mesmo nesses jogos, desapontando muita gente (inclusive eu), enquanto fã de basquete, foi a seleção masculina, treinada pelo recém-demitido técnico argentino Rubén Magnano. A seleção campeã panamericana de 2013 não foi páreo para a Austrália, Croácia e Argentina, e acabou eliminada do torneio na primeira fase, ganhando apenas de Espanha e Nigéria. Ao menos o que valeu foi que a seleção de Nenê, Marcelo Huertas e Benite, e que perdeu Anderson Varejão (contundido antes da competição), foi a emocionante vitória contra a Espanha, vice-campeã da Olimpíada passada, liderada pelo famoso e veterano pivô, Paul Gasol. Também nesse caso, o fator torcida foi fundamental, e os desestabilizados jogadores espanhóis acabaram entregando o jogo aos brasileiros, nos segundos finais da partida. Quase que conseguíamos a classificação contra a campeã olímpica Argentina (famosa por ter o feito histórico de já ter derrotado os consagrados Estados Unidos numa Olimpíada), em duas prorrogações, mas acabamos deixando que eles vencessem no final, perdendo o sonho olímpico de mais uma medalha. O Brasil necessitará de muito trabalho até conseguir reerguer o basquete nacional.
No handebol masculino e no polo aquático, apesar da participação louvável de nossos jogadores, ganhando jogos importantes, não passamos das quartas de final, e o Brasil ainda deve medalhas importantes em ambas as modalidades, onde ainda não tem grande tradição.
Redenção também é a palavra que deve ser aplicada ao voleibol masculino, treinado mais uma vez pelo técnico campeão Bernardinho, em uma quarta final consecutiva da seleção brasileira, em Olimpíadas. Depois de Atenas, em 2004, quando o Brasil foi bicampeão olímpico, o país não conseguia a medalha de ouro, ficando com a prata, tanto em Pequim em 2008, quanto em Londres, em 2012, perdendo, respectivamente, para os Estados Unidos e para a Rússia. Mas foi justamente contra duas potências esportivas que o grupo de Bernardinho, contando com jovens atacantes, da nova geração do vôlei, como Wallace e Lucarelli, comandados por Bruninho, e uma atuação brilhante do experiente jogador Lipe, que, assumiu o protagonismo com seus saques matadores e elevou o moral de uma equipe inexperiente, o Brasil do voleibol reencontrou seu jogo. Diferentemente das meninas da equipe feminina, que eram favoritas, os homens do voleibol saíram de fracassos seguidos em Olimpíadas e Ligas Mundiais, desacreditados na primeira fase do torneio no Rio, correndo o risco de serem desclassificados, antes de uma dramática partida contra França, e depois de uma atuação redentora contra a Argentina, quando os brasileiros recuperaram a moral perdida, ganhando a semifinal e final do vôlei de forma inesquecível, vencendo todos os sets dos jogos, com os resultados de 3 X 0 tanto contra a Rússia, quanto contra a poderosa Itália, na final do domingo, dia 21 de agosto. Enfim,o Brasil tornou-se tricampeão olímpico no voleibol masculino e potência mundial incontestável na modalidade. Foi a consagração não só do técnico, mas também do veterano líbero Serginho, retirado da aposentadoria para jogar mais uma (e a última Olimpíada), que, aos prantos, e abraçado ao filho pequeno, foi outra imagem singela do vôlei (somada a do técnico derrotado José Roberto, com o neto, no vôlei feminino), que deve ser gravada como imagem eterna e emocionante destes Jogos.
Também no vôlei, mas agora no vôlei de praia, finalmente a dupla Alison "Mamute" e Bruno Schmitt honrou a fama e a tradição da modalidade, na terra em que ela nasceu, conquistando a final e a medalha de ouro, ao derrotar a dupla adversária italiana, tornando-se, também, campeões olímpicos. Com a proeza, a dupla brasileira conquistou um ouro olímpico que não vinha desde a dupla vitoriosa Ricardo e Emanuel, últimos campeões da modalidade na Olimpíada de Atenas, em 2004.
Agora, o que melou mesmo nesses jogos, desapontando muita gente (inclusive eu), enquanto fã de basquete, foi a seleção masculina, treinada pelo recém-demitido técnico argentino Rubén Magnano. A seleção campeã panamericana de 2013 não foi páreo para a Austrália, Croácia e Argentina, e acabou eliminada do torneio na primeira fase, ganhando apenas de Espanha e Nigéria. Ao menos o que valeu foi que a seleção de Nenê, Marcelo Huertas e Benite, e que perdeu Anderson Varejão (contundido antes da competição), foi a emocionante vitória contra a Espanha, vice-campeã da Olimpíada passada, liderada pelo famoso e veterano pivô, Paul Gasol. Também nesse caso, o fator torcida foi fundamental, e os desestabilizados jogadores espanhóis acabaram entregando o jogo aos brasileiros, nos segundos finais da partida. Quase que conseguíamos a classificação contra a campeã olímpica Argentina (famosa por ter o feito histórico de já ter derrotado os consagrados Estados Unidos numa Olimpíada), em duas prorrogações, mas acabamos deixando que eles vencessem no final, perdendo o sonho olímpico de mais uma medalha. O Brasil necessitará de muito trabalho até conseguir reerguer o basquete nacional.
No handebol masculino e no polo aquático, apesar da participação louvável de nossos jogadores, ganhando jogos importantes, não passamos das quartas de final, e o Brasil ainda deve medalhas importantes em ambas as modalidades, onde ainda não tem grande tradição.
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14) FESTAS DE ABERTURA E ENCERRAMENTO INESQUECÍVEIS: Afinal, não houve atentado terrorista, e nem a violência do crime organizado no Rio de Janeiro proporcionou surpresas desagradáveis, como uma escalada aterradora de crimes contra turistas ou atletas. Mantida em um forte esquema de segurança, a Vila Olímpica não se viu atacada por arrastões de bandidos, e, tirando o triste episódio midiático envolvendo o nadador Ryan Lochte, a imagem do Rio e do Brasil não ficaram arranhadas e apareceram bem na fita, em luzes, som e cores, para a imprensa internacional. Na verdade, para os gringos, a imagem do brasileiro enquanto povo festeiro, que gosta de samba e de um bom carnaval, acabou prevalecendo no cenário da maior festa carnavalesca do mundo, com direito a uma explosão da alegria esfuziante do povo brasileiro, na enorme festa nunca antes vista no estádio do Maracanã, cenário da abertura e do encerramento dos Jogos. Quem foi, gostou muito e, quem não foi, apreciou as imagens pela televisão, elogiando a organização. No final das contas, tudo acabou em festa, samba, suor e carnaval!! Ainda bem para nós!
15) AS LIÇÕES PARA O FUTURO: Agora, que venha Tóquio. A realização da Olimpíada no Japão já é um sólido projeto em 2020 para os brasileiros em geral e especialmente para o COB. Até deu vontade de conhecer pessoalmente a "Terra do Sol Nascente". Até lá, muito tem que ser refletido, sobre nossas derrotas e vitórias, e sobretudo qual será o principal legado que a Olimpíada deixou para o Brasil e para o Rio de Janeiro. Muito dinheiro foi gasto, investimentos foram feitos nos atletas olímpicos (e paraolímpicos), num país em crise política e econômica, e, resta saber, se dias melhores virão também para o esporte brasileiro. A meu ver, uma das lições mais importantes dos Jogos Olímpicos no Rio é que somos capazes, e não obstante a roubalheira na gestão dos negócios públicos, por administrações de governos duvidosos, tanto na seara municipal, quanto estadual e federal, somos capazes de fazer bonito com todas as críticas, e saímos daquele "complexo de vira-lata" nelsonrodrigueano. Agora, antes que eu me esqueça, "Fora Temer" e nos preparamos para conquistar medalhas no Japão. Até lá, Sayonara!!
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