terça-feira, 21 de julho de 2009

CORRIDA ESPACIAL: "Eu vivo sempre no mundo da Lua"-40 anos da chegada do homem ao solo lunar

Dia 20 de julho. Um dia altamente significativo. Se para aqueles que amam a astronomia, que adoram ficção científica ou que simplesmente admiram as conquistas da ciência e da tecnologia, essa data significa a chegada do homem à lua, a bordo da nave Apollo XI. Hoje, especialmente em 2009, a data é ainda mais importante, pois corresponde aos 40 anos desse fato histórico.


Mas tenho outras razões bem mais particulares e afetivas para gostar do dia 20 de julho. Afinal, essa data lembra-me o aniversário do meu pai, que nasceu nesse dia, e também é o aniversário de casamento de meus genitores, que já completaram mais de quarenta anos juntos. Haja paciência e muito amor para aguentarem um ao outro no decorrer da velhice e dos maus humores típicos de quem convive há muito tempo com outra pessoa. Assim como chegar à lua é um grande feito, manter um casamento saudável por tantos anos também é proeza de poucos, e saúdo honrado meus pais, assim como saúdo os astronautas de 1969!

Mas a chegada do homem à lua, tem ainda mais aspectos diretamente relacionados a minha vida pessoal, que, segundo alguns, cabalisticamente, são bem mais relevantes do que meras coincidências. Se o dia 20 de julho é a data do aniversário de meu pai, o dia 05 de agosto, data do meu aniversário, também não é menos emblemático. Afinal, na mesma data, em 05 de agosto de 1930, nasceu Neil Armstrong, o discreto astronauta que se tornou o primeiro homem a pisar na lua, naquele fatídico 20 de julho de 1969. Quer mais motivos do que isso para que eu comemore tal feito histórico memorável, que pelas conexões tem tudo haver com minha história pessoal? Numa hora como é esta é que penso o quanto foi acertado o nome deste blog: conexões inevitáveis. Nesse caso, a conexão é inevitável, mesmo!!




Sim, nada melhor do que comemorar a data olhando à noite para os céus, como os namorados apaixonados fazem em dia de céu límpido, admirando o astro lunar. Lembro-me que um dos objetos que pedi de presente a meu pai, quando era criança, tratava-se de um telescópio, pois eu, assim como todos os outros meninos nerds (hoje, na era da internet, chamados de geeks) da minha época, era fã de astronomia. Influenciado por meu pai, que na infância, gostava de ler as estórias em quadrinhos de Flash Gordon e suas viagens espaciais, cresci vidrado em histórias de meteoritos, asteróides, cometas, seres do espaço, viagens intergaláticas. Eu era aficcionado pelo programa de TV Cosmos, nas manhãs de sábado, onde o astrônomo Carl Segan narrava a história do Universo, apresentando para os leigos em ilustrações de HQs, a beleza dos anéis de Saturno, a vermelha e vulcânica superfície de Marte, os mistérios do planeta Netuno, e a origem do Sol e das estrelas, com sua luz sendo emitida a milhões de anos de distância. Gostava de saber das histórias de Newton e Einstein, que em épocas distintas, quebravam a cabeça, analisando as elementares leis da física para entender o funcionamento desse intrigante planeta, e até me surpreendi, com a forma como Galileu foi sacaneado pela Igreja Católica, quando foi obrigado a negar o que hoje é óbvio: que a Terra não é o centro do Universo.

Fico imaginando o quanto naquela época, meu então jovem pai não deve, no mínimo, ter achado impressionante naquele 20 de julho de 1969, data de seu aniversário, poucos meses antes de descobrir que seria meu pai, o fato de a humanidade ter chegado tão longe, levando o homem à lua. Uma mesma humanidade que cultivava o progresso, num momento histórico incomparável, imersa em tempos loucos e rebeldes de guerra no Vietnã, ditaduras eclodindo em todo o continente latino-americano, manifestações de estudantes sendo repudiadas à balas e bombas de gás lacrimogênio das ruas de Paris a São Paulo, enquanto hippies porraloucas pregavam "paz e amor" numa contracultura de flores, tropicalismo e rock'n roll. Os homens tinham chegado muito longe, desafiando milhares de anos de atraso e diminuta pequenez do gênero humano, subindo mais alto que os céus na escalada da evolução, chegando ao espaço e conseguindo pela primeira vez, botar os pés num satélite natural que foi objeto de estudos, poemas e canções durante tantos séculos.

A chegada do homem à lua me faz lembrar o épico filme de Stanley Kubrick, baseado nas obras de ficção científica de Arthur Clarke, chamado 2001-Uma odisséia no espaço. Lembro-me da música de abertura, "Assim falava Zaratrusta", de Richard Strauss, interpretada pela Orquestra Sinfônica de Viena, inspirada, por sua vez, na obra do filósofo Nietzche, e no gesto do homem das cavernas, na primeira cena, simbolizando salto evolutivo da espécie humana, ao lançar um osso para cima, e num corte de cena, o osso se transformar numa nave espacial. O que parecia mera ficção (ou inverdade para os céticos), em 20 de 1969 se transformou em realidade quando a sonda Apolo XI desceu na superfície lunar, levando seus três tripulantes: Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins.

Muito provavelmente, naquela época, os aniversariantes de 20 de julho, espectadores da célebre passagem de Armstrong pela lua, como meu pai, não tivessem a exata noção de que aquele feito histórico tinha sido realizado não por amor à ciência e pela sede natural do homem pelo conhecimento sobre o Universo, mas sim por uma corrida política e armamentista entre as duas grandes potências mundias daquele tempo: os Estados Unidos e a União Soviética. Num período de disputas ideológicas entre o capitalismo de um lado, e o socialismo do outro, muitos incautos podem não ter examinado que o lançamento do satélite Sputinik, e a viagem ao espaço do russo Yuri Gagarin, no começo dos anos sessenta, tratava-se de uma luta pela hegemonia do mundo entre soviéticos e americanos, que extrapolava as fronteiras do planeta e chegava até o espaço, como se o Universo fosse uma criação deles, e não de Deus.

Divirjo, entretanto, daqueles mais crentes, fundamentalistas, que pelo argumento religioso, acham que o homem deverá pagar um preço caro, por sua arrogância científica em querer singrar os céus, e desbravar o espaço, em busca do infinito. Também não acho que a discussão atual sobre uma nova viagem do homem à lua, seja apenas mais um apelo imperialista de nações poderosas, como ainda são os Estados Unidos, e agora a China, que quer enviar seu astronauta ao solo lunar até 2020, numa tentativa de impor a bandeira da Coca-Coca, do Mcdonald's, ou do governo chinês em nosso satélite natural. Acho que é parte do plano de Deus que conheçamos o Universo, como se quiséssemos através dele conhecer a sua divina face, sem nunca, na verdade, conhecê-la. Como diria o filósofo alemão Martin Heidegger, o Ser se revela paulatinamente aos homens, assim como se esconde, não sendo possível e nem perceptível nos finitos limites da capacidade humana, conseguir compreender toda a grandiosidade do Universo, como uma obra da criação divina. Só nos resta obter os resquícios, conseguir conhecer as sobras, os restos, os farelos da Criação, mediante nossa sempre precária tecnologia, que se hoje é avançada, capaz de enviar engenhocas como sondas e robôs até à superfície de Marte, é incapaz de debelar epidemias, como a horrorosa e crescente gripe suína, ou de terminar com os conflitos e as guerras, fazendo imperar o bom senso em nossos governantes.

A conquista fantástica da ciência ao colocar o homem na lua, e agendar, já para daqui há dez anos, uma viagem tripulada a Marte, não significa nada se não conseguimos transpor o interesse político e econômico das nações detentoras de todo o capital e aparato tecnológico, no sentido de eliminar a cruel fome e as doenças que assolam nosso mundo. O objetivo altruísta de qualquer missão de astronautas ao espaço é desenvolver novas tecnologias, descobrir novas substâncias, novas condições de vida, novos métodos de sobrevivência que nos permitam conviver em harmonia com o Universo, conhecendo-o melhor. É nesse sentido que até as roupas usadas por Armstrong e Aldrin, no passado, quando de sua viagem à lua, serviram hoje como protótipo de roupas de proteção para viagens em condições adversas, como o mergulho em profundezas marinhas ou a caminhada em montanhas, nos mais sensíveis graus de temperatura e altitude. A descoberta de rochas, materiais lunares, e outras substâncias vindas do espaço, serviram para compreendermos melhor o metabolismo de pequenos seres e microorganismos, saber como a água potável se desenvolve e pode ser reaproveitada, para evitar futuros períodos de escassez, e até mesmo a viagem à lua possibilitou que lidássemos melhor com nossas energias, como todas as pesquisas e testes acerca da utilização de fonte de abastecimento enérgico alternativas, a título de preservar o meio ambiente, como a energia solar.

Hoje, um tímido, idoso e simpático Neil Armstrong, em suas raras aparições públicas, destoa no seu comportamento discreto, de seu descontraído e falante parceiro de viagem, Buzz Aldrin, em suas palestras pela Nasa. De forma diferente, a esses dois heróis da humanidade credita-se muito mais do que um passeio por um astro celeste, e a constatação hoje, de um fato irrefutável e inesquecível de superação pelo homem de seus próprios limites, mesmo com o coro cada vez menor dos seus mais desconfiados e céticos detratores, que hoje insistem em postar sem convicção, de que a viagem do homem à lua se tratou de uma farsa, de pura armação. A chegada do homem à lua foi sim, fato inquestionável e digno de comemoração e agradecimento a Deus, por mais um ato de elevação da capacidade do gênero humano, mas também pode significar muito mais para futuras gerações, nos próximos 40 anos. Pode significar vida, desenvolvimento, evolução, crescimento, e isso não se realiza sem paz, humildade, solidariedade e cooperação mútua de todas as nações, em descobrir conjuntamente o que pode ser descoberto, nos confins do Universo, para o bem-estar da própria humanidade. Se isso um dia ocorrer, valeu sim muito à pena Armstrong ter pisado naquele solo, e mostrado ao mundo todo o quanto é bonito ver a Terra na sua coloração azul.


FELIZ ANIVERSÁRIO, PAI! FELIZ ANIVERSÁRIO, ASTRONAUTAS DA APOLO XI!

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