segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

TURISMO: Relatos de uma Lua de Mel:-Em Punta existem Hostels e Horrorestels.

Saudades de mim, meus queridos camaradas, leitores e leitoras? Se não; estou aqui de qualquer jeito (afinal, o blog é meu e lê quem quer!). Se, ao contrário, a recíproca é verdadeira, afirmo que tenho, também, saudades de quem lê meus escritos e de escrever neste espaço, abrindo 2011 com estado civil diferente. Pois é, casei! Acabei me enredando nos complexos, nem sempre fáceis (mas deliciosos) laços do matrimônio. Casei com uma figura bem legal! Pode-se dizer que o "C" de casado pode servir também para o “C” de minha cônjuge como um "C" de Companheira Certa pra Caralho. Bueno, até o presente momento, não tenho do que reclamar, e, afinal, se eu reclamasse na minha lua de mel seria o mais bronco dos caras, vocês não acham?
Pois é, mas falando de lua de mel, na verdade o quero escrever hoje é sobre turismo e relatar para os meus queridos leitores minha experiência em Punta del Este. Não!Não sou nenhum magnata ou sheik árabe e nem tenho milhões de dólares em conta corrente pra estourar nos cassinos uruguaios; mas com os poucos trocados que recebi no final do ano, uma vez recém-casado, resolvi dar de presente a mim mesmo e a minha esposa alguns dias de sol e mar fora do Brasil, num roteiro turístico na terra dos hermanos, bem conhecido da população brazuca ( e, principalmente, da população gaúcha, visto a quantidade de placas de carro vindos de Pelotas, Porto Alegre ou Rio Grande; a multidão tomando mate com suas cuias de chimarrão e a quantidade de "Bahhhsss" e "Tchêsss" que escutei pelo meio do caminho). Peguei a mulher e fomos de mala, cuia e......., claro, chimarrão para Montevideo, e de lá seguimos para Punta del Este: o paraíso de verão do cone sul, o ponto de encontro de chicos e chicas bronzeadas, bem nascidos e com seus carrões; que diante de prédios majestosos à beira-mar, numa estonteantemente bela península, tomam seus mojitos e fazem suas compras diante do sol caliente do verão platense. Fui com minha amada esposa à praia de Punta, empolgado como um pinto num galinheiro dentro de uma chuva de milho, crente de que receberia os melhores atendimentos gastronômicos, hoteleiros e turísticos da cidade. Porém, é de percalços que se faz uma boa aventura, não é mesmo?


Na minha epopéia de final de 2010 e início de 2011 tive do melhor e do pior em termos de viagem e tratamento, ao menos que no tange ao atendimento em minha empreitada turística. É necessário, antes de prosseguir no meu relato turístico (que poderá servir de exemplo a novos aventureiros), traçar algumas ilações acerca do Uruguai e de seus principais pontos turísticos.
Em primeiro lugar, eu já disse algumas vezes e continuo a considerar: para mim, o Uruguai é uma Paraíba que fala espanhol! E antes que os dignos cidadãos paraibanos da terra de Zé Ramalho e João Pessoa me atirem pedras, explico. A República Oriental do Uruguai é um país com aproximadamente 3,3 milhões de pessoas,sendo que 1,8 milhões vivem na capital, Montevideo. É uma região do tamanho mais ou menos do estado do Sergipe e como tem uma população pequena e concentrada na capital, pode-se dizer que o país se resume a um extenso pampa, com fronteiras com o Brasil e com a Argentina. Historicamente, o Uruguai tem relações de identidade e conflito profundas com os dois países vizinhos, e, antes de ser, provisoriamente, parte do Brasil ( a antiga província Cisplatina, disputada por portugueses e espanhóis desde o Tratado das Tordesilhas), desde o século retrasado, uruguaios e argentinos mantém uma relação de aproximação e distanciamento. Em relação a brasileiros e argentinos posso dizer que os uruguaios tem uma relação dúbia, tendo em vista que no verão é esse contingente de povos estrangeiros que vive a perambular pelas praias e shoppings uruguaios, consumindo nos bares,  comprando nos restaurantes e lojas, consistindo numa das maiores fontes de renda do país: o turismo. Percebi que os brasileiros são melhor vistos que os argentinos pelos uruguaios (ao menos nessa época do ano), tendo em vista que nos jornais locais (El País é o principal deles) é comum encontrar nas reportagens expressões referentes ao Brasil como um "gigante sul-americano". Já os argentinos, seja pela rivalidade esportiva ou cultural (os uruguaios culpam os argentinos por terem lhe roubado dois símbolos nacionais: o futebol e o tango), ou pelas disputas comerciais com os vizinhos de fronteira ( por conta da instalação de fábricas de papel), parecem ser objeto de certos comentários jocosos ou de piadas de mesa de bar. De qualquer forma, é em Montevideo e Punta del Este que gravitam a maior quantidade de brasileiros e argentinos, e foi pra lá que eu me fui, juntamente com minha companheira, neste final de ano.


Ao passar o reveillon em Montevideo, percebi que a queima de fogos de artifício, na passagem do ano, nem de longe lembra o glamour e a imponência da festa de ano-novo no Rio de Janeiro. Mas, é claro, o Rio é uma das melhores festas do planeta. Entretanto, não deixa de ter sensível beleza e euforia saber que os uruguaios sabem comemorar com entusiasmo a passagem de ano, e pude ver uma orla marítima repleta de fogos, com uma boa duração do foguetório por mais de vinte minutos. Foi realmente muito bonito poder ver e filmar com minha querida esposa a festa do reveillon uruguaio, apesar dos tropeços para chegar no local da festa. Acontece que no Uruguai, o povo local leva a sério a palavra feriado, e nem sequer táxis havia disponível para poder transitar. É isso mesmo, ao chegar em Montevideo me deparei com um comunicado do sindicato dos taxistas dizendo que na data festiva, era dia de folga para os taxistas. Mas como pode ser isso? Taxista de folga no dia do reveillon? Mas e quanto aos passageiros? Transporte não é serviço fundamental? Pois é, nem ônibus, nem metrô, nem táxi, nossa sorte foi ter encontrado um táxi perdido no meio da noite, que queria ganhar uns extras (como um bocado de trabalhadores autônomos, que não queria saber das determinações do sindicato), e através de um simpático e falante taxista, que era a cara do Fito Paez, pudemos, enfim, chegar ao nosso itinerário.

Montevideo não se compara a outras grandes e turísticas capitais sul-americanas: como Buenos Aires, Santiago do Chile ou Bogotá, mas tem seus atrativos. O centro da cidade no dia do feriado é intensamente sujo, com milhares de pedaços de papel espalhados pelo asfalto, além do contato na calçada com fezes humanas ou animais (a depender do dia, pois os animais de estimação caminham com seus donos durante o dia, e pela noite, a sujeira encontrada no dia seguinte é proveniente dos moradores de rua, que perambulam pela cidade); mas a parte histórica da cidade, a partir da avenida 18 de Julio, com seus monumentos históricos, praças e prédios antigos, é um passeio turístico-cultural bem interessante e divertido. É possível ver o quanto a influência brasileira ainda está presente, ao ver o Palacio Brasil, ou ver a quantidade de postos de combustível da Petrobrás, Banco Itaú e cervejas ou produtos brasileiros que são facilmente comercializadas no país. Também é curioso ver a bonita homenagem que os uruguaios fazem a Los Treinta e Tres, e como a palavra é nome de praça, rua e demais logradouros na metrópole uruguaia, tendo em vista que o nome corresponde aos pioneiros das lutas de independência do pais. Vale uma sacada na praça Artigas, onde fica o monumento desse importante personagem histórico, em frente ao prédio da presidência; que, diferente da Casa Rosada ou da Plaza de Mayo em Buenos Aires, tem uma estrutura arquitetônica bem moderna, ao invés de clássica. No mesmo lugar tem o imponente Teatro Solis, e logo abaixo, descendo por qualquer das ruas, chega-se à orla marítima de Montevideo: uma mistura das praias urbanas de João Pessoa com Boa Viagem, com seu lado mais bucólico e pouco movimentado, entre docas e trapiches, e outro mais movimentado e freqüentado, com banhistas locais que se deliciam com as águas frias do Atlântico Sul, pulando das pedras em direção à água, ou simplesmente se bronzeiam na areia meio avermelhada do local.

Depois de passar 3 dias em Montevideo segui para Punta del Este, ou melhor, a cidade que é seu alter ego menos famoso e de onde Punta se torna distrito: Maldonado. É em Maldonado que existe, de fato, a vida comum do cidadão uruguaio da região, longe da badalação da península, onde fica o centro de Punta del Este. Digamos que se os magnatas e ricaços descansam em Punta, o povão labuta em Maldonado. Confesso que gostei da cidade, cujo centro, pequeno e pitoresco, e a praça central, lembra-me a zona comercial de cidades como São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Lá fiquei hospedado no hotel San Fernando, em frente à praça central da cidade. Um hotel quatro estrelas, de somente dois andares, mas muito simpático, que, apesar do preço meio salgado para o período, demonstrou-se ser uma opção bem mais legal do que a roubada que eu e minha companheira nos metemos anteriormente, e que serve de título para esta matéria.

É isso, meus amigos e amigas! Quando procurei, no final de outubro, uma lista de possibilidades de hospedagem para minha viagem vindoura ao Uruguai, consegui facilmente a indicação do Day Inn Hotel, em Montevideo, atrás do terminal rodoviário de Tres Cruces, no centro da capital uruguaia e que é muito bom. Já quando me reportei às opções de hospedagem barata em Punta del Este, deparei-me de imediato com a dificuldade de encontrar lugares vagos, tendo em vista que já em outubro todos os hotéis e albergues da península já estavam lotados, sem qualquer opção de compra pela internet. Depois de muito chafurdar pela rede, encontrei uma opção que, pelas fotos, parecia-me inicialmente bem agradável: o Hostel del Patio, próximo ao centro de Maldonado, há cerca de 7 km do centro de Punta del Este. Que grande roubada me meti!

Pra começo de conversar, o preço cobrado pelos camaradas do hostel não perde em nada para os valores que são cobrados num bom hotel quatro estrelas. Além de caro, ao chegar no local, diferentemente do que me ocorreu no hotel em Montevideo, os jovenzinhos que me atenderam não conseguiram encontrar minha reserva, pois não me foi fornecido qualquer código de confirmação, tendo sido eu obrigado a vasculhar na internet deles um perdido e-mail de confirmação do próprio hostel, indicando que eu realmente tinha reservado um quarto para duas pessoas, no período que antecedeu a minha chegada. Mas o pior estava por vir.
Ora, eu sei que nos hostels a rotina é mais simples e diferente do que se vê na hotelaria tradicional, desde os mais modestos ao mais sofisticados hotéis, porque o espírito do albergue é outro daquele vivido pelo ambiente hoteleiro, mas cada um tem seus limites. Há mais de dez anos freqüento continuamente diversos hostels e alojamentos durante minhas viagens, seja dentro do Brasil ou no exterior, e já dormi em beliche, rede, quarto próprio ou coletivo. Frequentei albergues da juventude estilosíssimos em Buenos Aires e Santiago, e não tive maiores problemas na minha primeira estadia no Uruguai, quando também fiquei hospedado num albergue, bem no centro de Punta del Este. Agora, os apuros que passei no tal Hostel del Patio são dignos de um filme: de terror!

Pôxa! Tudo bem que o quarto que eu tinha com a minha esposa, apesar de modesto, não tivesse ar-condicionado e nem frigobar, mas como ficar num quarto que não tem sequer cortina na janela? Cadê a privacidade? O estado do colchão e da cama lembravam o tempo que os colonizadores espanhóis caminhavam sobre a região, e a quantidade de ácaros que se encontrava no meu travesseiro dava pra chamar uma equipe de entomologistas. Pra completar o martírio, numa área em que a temperatura ambiente era de 25 graus, mas que com os ventos litorâneos a sensação térmica caía pra 10, ir pra um banheiro coletivo sem chuveiro quente era o fim da picada. É normal ( e até regra) que nos hostels não se ofereça toalhas ou sabonetes, já que isso é por conta do cliente, mas geralmente, até por uma visão de mercado, esses estabelecimentos mantém um bazar, à disposição do cliente, onde é oferecido o aluguel de alguns utensílios de banho ou cozinha, e onde se pode comprar mercadorias, como refrigerantes e sabão. Pois é, lá não tinha! Ao contrário, além de ser convidado, em plena onze da noite, a visitar o supermercado local que acabara de fechar, após um dia inteiro caminhando ao sol por Punta del Este, fui obrigado a cumprir com o compromisso chato de ter de pagar 6 mangos pelo aluguel de uma toalha a uma funcionária do hostel igualmente chata. Cadê os direitos do consumidor? Cadê os direitos humanos? Não se trata de babaquice pequeno-burguesa querer tomar banho quente à noite. Pra quem vive na região sul do Brasil ou já experimentou o clima frio austral, banho quente é uma questão de sobrevivência. Ninguém quer pegar uma pneumonia!

Pois, restando-me no prejuízo, quando, enfim, consegui um hotel civilizado no dia seguinte para mim e minha esposa, ainda tive que amargar o prejuízo de não ver restituído o valor pago antecipadamente por três dias de hospedagem. Alegaram que como eu tinha feito uma reserva, o quarto já tinha sido separado para mim anteriormente, e assim o estabelecimento não poderia amargar prejuízo, já que tinham perdido a oportunidade de lucrar com a minha reserva. Porca miséria! Maldito espírito capitalista do direito contratual! Puto da vida, indignado, mas resignado, aceitei a rasgada de dinheiro que me foi imputada, restando a mim e minha atordoada companheira seguirmos em direção a uma cama e chuveiro quentinhos que nos esperava, há menos de dois quarteirões onde nosso inferno astral tinha começado. Parecia-me a noite de horrores tinha terminado.

Que nada! No retorno para casa ainda tive que pagar uma horripilante taxa de embarque, em dólares, que não me havia sido avisada pela companhia aérea quando comprei a passagem no site, e tive que desembolsar o valor de quase duas passagens aéreas Porto Alegre/São Paulo, para não ter que ficar preso na terra dos hermanos. Isso sem contar que em alguns lugares, os lojistas se recusavam a receber uma nota de 100 dólares que eu havia acabado de sacar do caixa eletrônico, por que estava rasgada na ponta. Pô! Tem transeuntes que caminham na praça que ao ver uma nota de cem dólares no chão podem até brigar e rolar no chão entre si pra pegar a grana, e as pedantes lojistas uruguaias não queriam receber o dinheiro que eu havia acabado de sacar em um de seus próprios bancos. Aí, haja paciência!!!

De qualquer forma, tenho um retrospecto mais do que positivo em minha lua de mel uruguaia e a esposa parece ter ficado mais do que satisfeita. Ótimo! Fiz a minha parte! Porque em casamento a gente aprende, meu amigo! É melhor satisfazer o outro a fim de obter a satisfação própria do que se prender no egoísmo do seu próprio prejuízo! No final das contas, quem lucra é o amor! Vocês não acham?? Até breve, meus camaradas queridos!

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