segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ELEIÇÕES e MÍDIA: Minhas impressas impressões sobre a imprensa brasileira.

Temos no Brasil uma imprensa livre, graças a Deus! Desde os empastelamentos de jornais no tempo do Império ao  Estado Novo de Vargas, ou do agressivo controle da censura aos meios de comunicação nos tempos da ditadura militar, "nunca antes na história desse país", como diz o companheiro Lula, tivemos um período tão extenso de liberdade de expressão, onde a mídia e os diversos serviços de jornalismo e informação no país, tiveram a oportunidade de expor suas ideias, de forma boa ou equivocada.

Agora, com o final do pleito eleitoral para presidente da república que se aproxima, resta-nos colher os cacos do que ficou dos escombros da mídia, após a brutal polarização que se viu entre as duas candidaturas (a da situação e da oposição), onde jornais se transformaram em partidos políticos e a guerra entre redações, o bate e boca editoral, pôde ser visto nas manchetes das bancas de jornais.

Adoro ler, amo a leitura, sou um viciado em papel (livros, revistas, jornais e gibis) e um de meus maiores prazeres, seja no Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Recife, Porto Alegre, Buenos Aires, Santiago do Chile ou Punta del Este, é estar defronte a uma banca de jornal ou livraria, vendo as capas de revistas, as manchetes e matérias de primeira página dos jornais locais ou de grande circulação do país. Parodiando meus antigos professores de filosofia: informação não é conhecimento, mas é informação! Pode ser verdadeira ou falsa, certa ou errada, mas a informação veiculada pelos meios de comunicação é um bom termômetro social e político.

Percebo isso ao observar como a imprensa brasileira se manifestou nessas eleições de 2010 para presidente da república. A imprensa é o que sempre foi no aspecto político: panfletária, partidária, imediatista, parcial, oportunista,defensora dos interesses próprios dos grupos que estão por trás de suas redações. É uma imprensa de classe ou a que melhor reproduz uma luta de classes num regime democrático, onde é possível ver publicadas as mais diversas opiniões. Sob o jargão proferido à exaustão da liberdade de imprensa, reputações são maculadas, calúnias são proferidas, mentiras são propagadas, disputas ficam acirradas, tudo com o fiel intuito de influenciar o eleitor, de formar sua opinião, de manipular seu pensamento ou de acirrar ânimos, dogmas e preconceitos que o leitor já possuía. Faz parte do jogo democrático, mas também não deixa de ser um jogo sujo, muitas vezes!

Hoje, no Brasil, podemos ver a clássica polarização esquerda X direita, que tenta ser apagada por alguns sociólogos pagos a toque de caixa pelo interesse financeiro do capital, tentando nos engabelar com o papo de que ser neoliberal ou socialista é demodê, coisa do passado. O mundo não seria mais dividido entre reaçonários, conservadores e progressistas, mas tão somente em burros ou inteligentes. Inteligente seria defender o capital, a abertura do mercado, a livre concorrência; e burro seria insistir no papel social do Estado, no intervencionismo satânico da mão estatal em prol do interesse público. Burrice é coisa de comunista!Poderia nos fazer pensar os editoriais de algumas revistas e jornais. Mas, na verdade, a distinção de classes, o fosso entre ricos e pobres ainda é muito grande no Brasil, apesar dos bolsa-família, primeiro emprego e programas de habitação popular da vida. Basta ler os jornais pra ver que não estou mentindo.

Sou um consumista, seduzido pela ideologia do consumo desta sociedade capitalista, confesso. Talvez eu seja um pequeno-burguês emergente, oriundo de classes populares, que, ao prosperar, integrando uma classe média sem culpa, gaste meus reaizinhos comprando livros e revistas, gastando minha grana com leitura. Isso é verdade! Mas também, através desse gasto fútil com papel, consigo ao menos trabalhar a minha cachola observando e anotando a briga ideológica na imprensa brasileira, e através dela,  posiciono-me politicamente como leitor e cidadão. Vejo, por exemplo, o quanto o campo das candidaturas está dividido entre os meios de comunicação que apoíam o governo e aqueles que são contra; além daqueles que, fingidamente, falseiam sua posição ideológica, simulando estar em cima do muro. De um lado, por exemplo, temos como veículos de comunicação assumidamente partidários do governo: as revistas Carta Capital e Istó É, além da rede Record e Band de televisão; de outro, temos verdadeiras oligarquias jornalísticas, simbolizadas por grandes jornais e redes de TV pertencentes a grandes famílias: publicações como a Folha de São Paulo, Estadão e O Globo e a revista Veja, escancaradamente favoráveis ao candidato da oposição (só falta pedir votos abertamente pra ele), além de publicações mais independentes como a Caros Amigos, que bem poderia passar como um periódico do P-SOL, com seus artigos inflamados com um pensamento de esquerda, a la Plinio de Arruda Sampaio, "contra tudo o que está aí". Não digo que isso seja bom ou ruim; apenas é curioso!

Creio  que todo veículo de informação que se queira sério deve ter a boa função de bem informar. Por boa informação entendo aquela que dá a notícia como ela é, sem retoques, sem manipulação. O que considero quase impossível, debaixo de tantos interesses escusos e subliminares que podemos encontrar na imprensa brasileira. Entretanto, manifesto  meu respeito pelas publicações que, assumidamente, declaram estar a favor desse ou daquele candidato, esposar esse ou aquele entendimento ideológico ou posicionamento político. Isso é bom para a democracia. É bom para o país e demonstra a honestidade dos meios de comunicação para com seus leitores.

Em algumas democracias amadurecidas, como na Europa ou na América do Norte, jornais se declaram abertamente partidários e simpáticos a esse ou aquele candidato ou partido político. Na Inglaterra, jornais como o Daily Mirror ou o The Post, Washington Post ou New York Times nos EUA, além do Le Monde, na França, na época de campanhas políticas, abrem seus editoriais e são francamente abertos a um ou outro candidato. No Brasil, pelo que eu saiba, apenas a revista Carta Capital, através de seu editor-chefe, Mino Carta, e o Estado de São Paulo, tiveram a dignidade de se assumir publicamente favoráveis à candidata Dilma Roussef e ao candidato José Serra, respectivamente; e por conta dessa posição democrática, ao menos no caso da Carta, o periódico acabou sendo perseguido vorazmente pela vice-procuradora eleitoral ,Sandra Cureau, que confundiu adesão democrática de um jornal a um governo ou candidatura, com crime eleitoral.

Enquanto isso, sob o rótulo de "imprensa democrática" ou "defensores da liberdade de imprensa", periódicos e jornais como a Veja, Folha de São Paulo e o Globo fazem campanha contra o governo com a maior cara de pau, chamando de petistas raivosos todos aqueles que acusam seus repórteres e editorialistas de fazerem campanha descarada para José Serra. Os críticos dessas publicações são acusados de estarem empobrecendo a discussão sobre a liberdade de imprensa no país, já que qualquer um é livre para postar o que bem lhe interessa nos meios de comu!icação que lhe pertence. Tá! Só não vou fechar os olhos para o disparate da demissão da excelente intelectual, psicanalista e articulista Maria Rita Kelh do Estado de São Paulo, tão e simplesmente por ter escrito um artigo favorável ao governo. Fico mesmo triste é quando vejo outrora excelentes e sensíveis escritoras, com Lya Luft, saíram do aprazível semblante zen de seus escritos, para honrar o contracheque e os trocados que lhes são pagos por revistas como a Veja, para além de meter o pau no governo e na sua candidata, ainda aparecem na propaganda eleitoral da TV, pedindo votos para Serra. É muita cara de pau, ou necessidade de grana, mesmo?!?

As pessoas são livres para ser o que quiserem, mas só não podem induzir a erro os outros, numa espécie de estelionato jornalístico, querendo esconder posições políticas sob o manto de uma fajuta imparcialidade. É querer chamar de idiota o leitor, ao invés de querer democraticamente expor o outro lado, a outra versão dos fatos. Sempre li a Veja, apesar de achar horrorosos, atualmente, os vínculos ideológicos de seus articulistas, por entender ser salutar à democracia sempre ouvir o outro lado, inclusive o lado de seus adversários no espectro político. Acredito que muitas dessas publicações realizaram um serviço sério ao país e contribuíram para a civilidade e moralidade pública, quando denunciaram "mensalões", esquemas de corrupção, fraudes, nepotismo, fisiologismo e todo tipo de bandalheira, seja em qualquer governo que fôsse. Entretanto, na atual campanha eleitoral, o nível das paixões, acirramento de posições, mentiras, acusações falsas ou não provadas e tentativas de manipulação das intenções de voto do eleitorado, fizeram-me desistir de comprar e ler tais revistas .Boicotei geral, e não quero mais ter na minha estante panfletos, ao invés de uma autêntica fonte de informação que possa me esclarecer melhor sobre meu país e meu governo.

Recordo-me de quando era criança e via na mesa do meu pai revistas como a Realidade, da editora Abril, depois substituída pela Veja. Nos anos 80, a publicação da família Civita teve um papel importante no processo de redemocratização, quando Veja estampava em suas capas o apoio à campanha das Diretas Já, as informações sobre o movimento democrático e passeatas que aconteciam em todo país, favoráveis à emenda Dante de Oliveira, e as denúncias quanto à farsa montada pela ditadura, no episódio da bomba no Riocentro. Enquanto que os canais de televisão (principalmente a Globo), silenciavam sobre esses fatos, sob pesada censura, essas publicações foram pioneiras, contribuindo no processo democrático para atingirmos a verdadeira liberdade de expressão que possuímos até hoje, e isso foi muito louvável. Parabéns a Veja, Isto É e outras publicações por isso.

Infelizmente, parece que hoje, com tanta democracia nas redações, algumas publicações resolveram vestir a carapuça ideológica do conservadorismo ou do neoliberalismo, incorporando uma "nova direita" que gosta de esconder a cara. Por que isso? Por que não se assumir de uma vez por todas como amante de um projeto político que não corresponde ao do governo, mas sim ao do outro candidato, até como forma de fazer com que seus simpáticos leitores também se assumam como de direita. Ser direitista e defensor do capitalismo não é infamante e nem dói, minha gente! Assumam-se!!

Creio que na última semana desta campanha, somente posso levantar meu brado contra os mentirosos, caluniadores, hipócritas e farsantes de boa parcela da imprensa brasileira. É contra a perfídia, a deslealdade, a safadeza e a falta de compromisso com a verdade para o leitor, que me manifesto contra muitos dos meios de comunicação deste país, e não contra a liberdade de imprensa. Acho que com uma eventual vitória de Dilma nessa eleição (queira Deus, isso, pois me assumo petista e dilmista), essas publicações continuarão com sua caminhada golpista, no sentido de desqualificar, desmerecer e ofender seus desafetos do governo, procurando produzir todo tipo de informação desabonadora ou negativa sobre esse ou aquele governante. Pois é! Faz parte da democracia! Mas sempre estarei a postos pra denunciar a mentira, pois uma coisa é ser do contra, outra é ser do contra se valendo do expediente malicioso da mentira. O leitor e eleitor brasileiro não merece isso, e como consumidor reivindico meus direitos, a fim de que os trocados gastos nessas revistas sejam pagos, ao menos com a divulgação honesta dos fatos e o compromisso com a verdade. Senão, processo judicial neles! Chega de tanta mentira e sacanagem! Ou então, vamos deixar de ler esses caras, gente!!

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