Tam,tam,tam,tam,tam! Eis que saiu a lista dos convocados na seleção brasileira de Dunga. Às 13 horas do dia 11 de maio de 2010, o técnico Dunga revelou ao mundo a relação dos 23 indicados, para representar a nação na mais relevante competição esportiva do planeta. Sabemos hoje que a Copa do Mundo, enquanto evento midiático, conseguiu suplantar o glamour dos Jogos Olímpicos na forma de um acontecimento que toma a atenção do mundo de quatro em quatro anos, sempre no mês de junho. O mundo pára em período de copa! O mundo respira futebol!!
E é tomando fôlego antes do anúncio da festa, que o técnico brasileiro revelou seus eleitos, dentro de nomes que já eram esperados, e talvez não fossem surpresa pra ninguém. Enquanto que outros balbuciaram boquiabertos a ausência de craques certos, outros nem tanto, e aqueles que nunca se esperava que iriam representar o Brasil no mundial. Podemos citar as ausências dos célebres Adriano, Ronaldinho Gaúcho e o goleiro Vítor, do Grêmio, ou confirmar a convocação de titulares absolutos, como Luiz Fabiano, Kaká, Robinho e Nilmar, assim como atestar a surpresa da substituição do flamenguista Adriano (na estima futebolística de Dunga) por Grafite, atualmente jogando no Wolfsburg, da Alemanha. É! Parece que Dunga ao menos se mostrou coerente com a linha que vinha adotando durante todo o período em que assumiu o cetro de treinador.
Infelizmente, para boa parte da mídia esportiva, não foi dessa vez que foi concedida a oportunidade para o craque revelação, sensação desse ano, o jovem jogador santista Neymar. O menino de apenas 18 anos, filho de jogador e natural de Moji das Cruzes, tem deslumbrado os olhos de milhares de telespectadores do futebol nacional, com seus dribles e gols inesquecíveis, elevando o campeão paulista Santos ao título de favoritíssimo a Copa do Brasil e ao título certo do Campeonato Brasileiro, junto do consagrado Robinho, também convocado. Por falar em Robinho, o gênio das pedaladas, junto com o atual Real Madrid, Kaká, tem a sólida responsabilidade de fazer valer a fama, os milhões de investimento dos clubes e a cobrança da torcida, não fazendo feio no mundial. Diferentemente, diga-se de passagem, do fiasco da Copa passada, onde um apático Ronaldinho, chegou a confraternizar de forma esdrúxula com os franceses, após a humilhante derrota do time nacional, pela segunda vez consecutiva na história, em uma competição de Copa do Mundo, pedindo autógrafo para um triunfante Zidane.
É! "Nunca antes na história desse país", como poderia dizer um exultante presidente Lula, fomos brindados com uma demonstração de tamanha coerência futebolística como a que foi apresentada pelo técnico Dunga. Diferente de Zagallo, que melancolicamente encerrou a sua participação em copas, numa seleção do Parreira que não convenceu, justamente pelas evidências de pressões internas que afetaram em muito a escalação do time, o planejamento do jogo e a aproveitamento de jogadores (leia-se pressão da CBF, dos cartolas, dos anunciantes de marcas esportivas e até mesmo da grande mídia, com seu enorme aparato de comerciais, propagandas e lucros divididos pela exposição de craques em má fase como jogadores); ao contrário, Dunga não se deixou levar pelas pressões e manteve seu comprometimento tão somente com sua equipe, irmanada num projeto básico, objetivo e sério de conquistar títulos. Foi assim na Copa América, foi assim na Copa das Confederações e não poderia deixar de ser diferente na Copa do Mundo. Joga na equipe de Dunga quem mostrar comprometimento e verdadeiro futebol!
Não foi o caso, infelizmente, de Adriano. Até o começo do ano, graças ao êxito da vitória flamenguista na conquista do campeonato brasileiro do ano passado, era quase certa a convocação do craque rubro-negro, ex-jogador do Internazionale. Entretanto, uma série de mancadas praticadas pelo próprio jogador, como noitadas e faltas a treinos, amizade com traficantes, e uma vida pessoa atribulada, com idas e voltas no seu relacionamento tumultado com a personal trainer Joana Machado, serviram apenas para iluminar a crônica das fofocas de revistas e jornais, mas em nada abonaram o talento do jogador carioca para representar o Brasil numa competição do tamanho da importância do mundial da África do Sul. Adriano vacilou feio, é verdade, muito em parte por conta de seus erros e faltas, apesar de ainda exibir um vistoso futebol; mas o que vem se percebendo nos últimos anos, ao menos na lógica de técnicos anteriores, como Luiz Felipe Scolari, é que o jogador pode até ser bom, ou, mais ainda, bom até demais; mas se não for comprometido e disciplinado, não embarca no voo da seleção.
Pra quem se recorda de episódios das antigas, foi isso que aconteceu com o jogador Renato Gaúcho (hoje Portaluppi, conhecido agora como treinador), na Copa de 1986, do México, quando às vésperas do embarque para Guadalajara, foi cortado do escrete canarinho, justamente pela falta de responsabilidade, ao ter furado a vigilância da concentração do time, e ter saído para uma noitada regada a muita bebida, mulheres e sexo, chegando atrasado aos treinos no dia seguinte. Na ocasião, o jogador Leandro, fundamental peça no tabuleiro defensivo do então técnico Telê Santana, aos prantos, em solidariedade ao amigo de noitada, Renato, recusou-se a embarcar junto com os demais, iniciando um melancólico périplo da seleção que iria se encerrar nos pés de Michel Platini, no fracasso brasileiro de um cambaleante Zico e de um transtornado Sócrates, na perda para a seleção francesa, na disputa de pênaltis, desclassificando o país, nas quartas-de-final do mundial (parece ser karma brasileiro perder pra França em mundiais. Mon Dieu! Increible!!).
Depois disso foi o episódio envolvendo um já consagrado campeão mundial Romário na Copa de 2002. Romário!Nosso gênio das pernas curtas! Um "macunaíma futebolístico", assim como foram outros caras-de-pau do esporte como Garrincha, Casagrande e Edmundo.Diante de um iracundo técnico Scolari, não adiantaram as lágrimas copiosas do ex-craque vascaíno diante das câmeras de televisão, quando deu coletiva à imprensa, ao saber que tinha sido cortado da seleção que embarcaria para a futura vitória do Penta no Japão. Não adiantou a catimba malandragem carioca do nosso "el pibe de oro" brasileiro, responsável junto com Bebeto e o próprio Dunga, enquanto capitão do time, pela vitória do tetra brasileiro na Copa dos EUA. Sabidamente boêmio, mulherengo e malandro, mas detentor de uma lesão muscular séria, Romário foi cortado da seleção mesmo quando o ofegante médico da seleção, Lìdio Toledo, atestou as boas condições do craque para jogar mais um mundial. Dizem que Zico, na época assistente técnico de Scolari, foi fundamental para a defenestração de Romário ( e posteriormente parte autora num processo judicial, tendo em vista os descalabros que o baixinho falou de seu ex-ídolo na imprensa, após o episódio). De qualquer forma, cumpriu-se um expediente já comum na convocação de jogadores para a seleção: se o sujeito não abraçar a causa, não tem vez!! Restou a Romário, naquela época, acompanhar a Copa do Japão, num estúdio, atrás de câmeras de televisão, como comentarista esportivo.
Exibir um bom futebol, estar vivendo uma boa fase de gols nos clubes em que participa, uma boa conduta disciplinar e entrosamento com os demais jogadores. Geralmente é isso que é cobrado de um jogador do porte de um integrante da seleção brasileira; além da pressão (como eu disse) dos clubes, dos empresários dos jogadores, dos anunciantes, da confederação de futebol, e de tantos outros interessados apenas na lógica mercadológica do esquema esportivo. Creio, perdoem-me os fãs do cara, que seja esse o caso de Ronaldinho Gaúcho, que, a meu ver, há tempos já não apresenta mais um futebol digno de nota, dos tempos em que encantava a torcida nacional e internacional com suas jogadas geniais. Ronaldinho foi mais uma vítima do sucesso (assim como foi seu correlato Ronaldo Nazário, e agora Adriano) e, de uns anos pra cá, imaturo, hesitante, ou irresponsável mesmo, viveu fases pouco dignas em sua biografia de jogador, levando o suspiro da dúvida a muitos torcedores de sua real dedicação à seleção. Será que o dentuço está nessa só pelo dinheiro? Ou, será que ele capaz realmente de vestir, com orgulho, a camisa verde-amarela? Na dúvida, Dunga preferiu deixá-lo apenas na lista de espera, daqueles jogadores suplentes que só serão convocados se der zebra no embarque de algum dos titulares para Johanesburgo.Acho que Dunga foi até generoso com o Ronaldinho, pois nem o Adriano sequer figurou na lista de possíveis convocáveis.
É isso aí, meu Brasil varonil! Como estamos já em época de Copa, resta deixar a cerveja resfriando na geladeira, tirar o uniforme canarinho do armário, ligar a TV e ficar na expectativa de mais um evento esportivo avassalador, que acompanho desde os meus 11 anos de idade. Serei mais um dos 190 milhões, que, segundo a canção, grita:"salve a seleção"! Talvez nem tanto pelo país, que tanto amo em meu patriotismo, mas pelo futebol, que amo de paixão. Pois então, que vengan! Que vença o melhor; mas, é claro, que VENÇA O BRASIL!!!
Um blog em forma de almanaque, com comentários sobre cultura, política, economia, esporte, direito, história, religião, quadrinhos, a vida do próximo, o que você desejar, ou que os seus olhos se permitam a ler e comentar, contribuindo para as reflexões desse humilde missivista, neófito nos mares internaúticos, em meio a esta paranoia moderna.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
prezado meia esquerda de raro talento....você acha que mesmo que a coerência deve ser mantida ainda que premie a mediocridade...a teimosia...a inflexibilidade? claro que dunga nunca soube o real valor de uma pedalada...de uma caneta....de um lençol....de um calcanhar de sócrates ou de um elástico de rivelino....pois sabia (e bem até) somente destruir...marcar...fazer cara feia. claro que a seleção é do dunga...não é nem nunca vai ser do povo (quem sabe um dia o um dos patrimônios pertencentes a tantas pessoas não possa ser realmente democrático, e por meio de eleições, o povo escolher os seus representantes também no tapete verde da realeza...), mas é dificil de, como diria o velho logo zagallo, engolir uma coerência que se mostra, de tão rígida, incoerente: incoerente com a qualidade dos escolhidos...com uma avaliação "racional" dos que estão jogando muito e mereceiam estar lá....enfim...se esta fosse a definição de coerência, a do dunga, eu preferia ser em todos os momentos, incoerente. é isto...
ResponderExcluirGostei do comentário, não obstante manter meu entendimento de que a coerência do treinador foi demonstrada, no momento em que não deixou jogadores "bola murcha", por mais talentosos que fossem outrora, permanecendo no escrete canarinho. É claro que há anos não temos um "time dos sonhos", e nem mesmo podemos comparar os talentos atuais com os que jogaram em 2006; mas creio ser muito cedo para avaliações mais profundas.Afinal, temos que ver os caras jogarem no Mundial, pra ver qualé a do Dunga, afinal! Abração!
ResponderExcluir