sábado, 6 de fevereiro de 2010

REFLEXÃO: Por que sou um grandíssimo idiota?

Meus caros, nestes festejos pré-carnavalescos, antes de caírmos na folia do momo, gostaria de compartilhar com os queridos leitores deste blog a seguinte reflexão: a enorme possibilidade de sermos traídos por nós próprios. Aristóteles já exortava a prudência como uma das mais altas virtudes, porém, insistimos em nos deixar levar por nossos instintos mais primitivos. Isso ocorre porque antes de sermos racionais, somos humanos, e nessa condição somos passíveis de errar ("errar é humano", eu sei), podemos cometer gafes e estabelecer juízos equivocados, e, sobretudo, podemos nos tornar uns grandíssímos idiotas.

Na literatura médica a idiotia está associada a um estado de retardamento mental, porém na obra O idiota de Dostoiévski, escrito em 1869, este estado está associado a um erro de juízo de valores, a um equívoco provocado por uma má avaliação, ou seja: uma merda, uma cagada, uma bola fora!!

Pois é, meus caros, cada um seu histórico de vida está sujeito a idiotices, uma delas é se apaixonar, mesmo sabendo que não vai dar em nada. É, o cérebro pensa de uma forma, mas o coração rebelde nos conduz de outra forma. Teimamos em ser guiados pelo coração, e não por nossas mentes, e acabamos por pagar o preço da escolha: dor, mágoa, desilusão, ressentimento. Infelizmente é natural que seja assim, e, por vezes, inevitável, pois faz parte de nossa experiência enquanto humanos, mas que é FODA!! É! Meus caros! Eu sei! É mesmo!!!

Passei por isso recentemente e digo: não lamento, não me arrependo, pois já tinha mais ou menos o script do roteiro traçado antes de participar da peça. Talvez o que teria que lamentar era não ter sido mais escroto, não ter me valido de algum subterfúgio comum a nosso gênero masculino e que somos tão hábeis no ato de conquistar, ter mentido, ter ludibriado, ter me valido do jogo de olhares e sedução tão somente para obter o botim da vitória final ao pé da cama. Não, apenas fui eu mesmo. Na paixonite pueril de um verso de Pessoa apenas desvelei o que sou: um cara bom (eu ao menos acho), com  seu histórico e todas as suas imperfeições.

Fazemos isso porque o coração acaba sendo o timoneiro de  nossa paixão e não a razão recatada, que aprisionada pela prudência nos leva a ficar mudos, enclausurados em nossas reflexões, pois o medo nos impede de avançar, de ir adiante, porque sabemos o quanto iremos sofrer; mas não adianta, lá vem o coração de novo palpitante empurrando-nos em direção ao abismo do confronto amoroso. Cair no poço é bom? Não, é uma grande merda, eu sei! Mas de queda em queda conquistamos a sabedoria que faz com que o ato de amar se transforme numa arte. Fazemos isso porque, apesar de tudo, vale à pena compartilhar nem que seja de alguns minutos na companhia do ser amado, mesmo sabendo que ele nos vê tão somente com a piedade de um amigo, e que o fogo de sua paixão destina-se a outra pessoa. Idiota de pensar que a companhia da pessoa amada num feriado de carnaval seria o suficiente para alimentar o fogo de uma paixão. Bueno, faz parte do jogo, é nossa novela mexicana própria!! João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria e por aí vai, taí Drummond que não me deixa mentir.

Informo que no meu surto de idiotia não tenho o que lamentar, mas somente o que celebrar. Celebrar o momento em que pude, intensamente,sentir-me um idiota, e sentir as pulsações típicas de quem está apaixonado, podendo assim renovar a mim mesmo e expulsar fantasmas do passado. Ser idiota, paradoxalmente, fez-me bem! A partir de minha idiotia consegui ser mais humano, redescobri a mim mesmo como um ser que sente, alguém que ri e chora com os mais singulares sentimentos humanos, e não um frio "rato de academia", um intelectual desumano, refugiado no cálculo. Entendo que minha maturidade faz-se desses pequenos "deslizes" (será que são mesmo?!), de alguns acidentes de percurso, de cascas de banana colocadas pelo destino, mas cujo tombo sabíamos que poderia ocorrer, mas mesmo assim achamos tão bom.

Que eu possa ainda me dar ao luxo de ser um idiota completo, agarrado na arapuca do jogo amoroso. Começo a entender que esses mecanismos são necessários para seguir em frente, sacudindo a poeira, dando mais uma volta por cima, como no samba de Paulo Vanzolini. Por falar em samba, já elegi meus dois enredos para este carnaval, o primeiro "Volta por Cima" do citado sambista paulista, o outro "Sentimentos" do Paulinho da Viola. Saio para o Carnaval cantarolando os dois hinos de nós, todos os idiotas amorosos:
"Daqui onde eu chorei, qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava!"
"Sentimentos, em meu peito eu tenho demais. Alegria que eu tinha nunca mais. Depois daquele dia, em que fui sabedor, que a mulher que eu mais amava nunca me teve amor!!"

E viva o Carnaval!! Mais um idiota que se junta na folia!!

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