Relutei alguns dias em escrever este comentário, seja porque estive escutando o novo disco do U2, chamado No line on horizon, lançado este mês mundialmente, ou porque não queria com este artigo comportar-me, de um lado, apenas no contexto de crítico, ou de outro, apenas no contexto de fã. Ambas as análises ficariam nebulosas se eu tentasse expor minhas ideias e impressões sobre o disco me atendo às polaridades dos dois tipos de contexto que tracei há pouco. Se eu fosse crítico demais, poderia dar a impressão de fazer uma análise seca, desprovida de emoção, técnica demais, formal demais, acadêmica, e despojada do necessário calor humano que envolve toda crítica de arte. Entretanto, se eu me comportasse apenas como fã, escrevendo sobre uma banda que gosto e admiro, poderia adotar uma conduta irresponsável, longe dos limites da proposta que fiz ao criar este blog e, naturalmente, afastar aqueles que não gostam do grupo comentado, ou simplesmente não gostam desse estilo de música. Não é esse meu propósito. Portanto, ao escrever estas linhas procurei um meio termo (ao menos tento), não sendo nem tão crítico, e nem tão fã, apenas fazendo aquilo a que me dediquei neste blog: escrever sobre o que entendo, e sobre o que gosto.
No line on the horizon tem inicialmente a proposta de ser um dos melhores álbuns da história do U2. Claro! Essa é a proposta de todo marketing musical (afinal de contas, todo artista tem que "vender seu peixe"), mas o que se revela por detrás da propaganda é a iniciativa natural de todo grupo com mais de vinte anos de estrada, de tentar se reinventar, ou mesmo ficar na mesma, experimentando velhas fórmulas musicais e apenas requentando-as para fazer sucesso (vide, pra quem gosta, da explosão de vendagens de Black Ice, último álbum do AC/DC, lançado ano passado, que traz a mesma coisa em música e o velho estilo da banda australiana). Obtive o disco logo após o seu lançamento e o escutei todo, por várias vezes, repetindo naturalmente em meus ouvidos as músicas que gostei mais. É um bom disco, da boa e velha banda irlandesa que já conhecemos, com seu natural estilo e até mesmo cacoetes, mas é um disco bom, audível, perfeito sonoramente, de boa qualidade, mas não uma obra de arte.
Mas, afinal de contas, antes de mais nada, que os fãs mais devotos do U2 me perdoem! Antes de me jogarem pedras, afirmo que a proposta do U2 é essa mesma: de ser bom, competente, mas não ser grandiloquente. Bono e seus companheiros não são, nem de longe, os mártires da música e nem cruzados de boas ideologias querendo propagar a revolução através da música! É verdade que hoje, todo artista global quer ser "politicamente correto". Bono Vox (alter ego do talvez mais interessante Paul Hewson) não é John Lennon, e nem seu parceiro nas guitarras The Edge (alter ego de David Evans) não é Paul Mccartney. Enganam-se os críticos ou marqueteiros de hoje ao alegar que o U2 seja os Beatles da nova era. É tudo bobagem! Na verdade, bem diferente da lendária banda inglesa de Liverpool, os irlandeses de Dublin não querem reeditar a genial parceira entre Lennon e Mccartney, pois afinal, quem dá as cartas da banda na verdade é o circunspecto baterista, Larry Mullen Jr.
Quando Bono sai da pose de quem está querendo salvar o mundo, quem entra em cena é dá o coração musical da banda, na verdade é Mullen. Foi ele que, aos 17 anos, no final da década de 70, fixou um cartaz no mural da escola, declarando-se baterista e propondo-se a reunir um grupo para formar uma banda de rock. Até hoje, mesmo com toda a empolgação, fama e frenesi de Bono, quem dá a palavra final e barra ou dá prosseguimento aos projetos musicais do U2 é Larry. Nos quase trinta anos de existência do U2, lá, atrás do palco, na direção das baquetas, Larry Mullen não apenas dá o compasso das canções, como também dirige o processo criativo, a formação das canções embaladas mediante as letras de Bono, transforma em música e fórmula de sucesso tudo o que aqueles garotos irlandeses lisos quiseram um dia, ao se propor formar uma banda, pagando as passagens de ônibus com grana emprestada dos pais de classe operária em direção a Londres, para gravar a primeira fita demo. Larry, Bono, The Edge, e o baixista Adam Clayton são de fato, os caras mais sortudos, carismáticos e talentosos da terra de James Joyce, mas também sabem de suas inseguranças e limitações musicais.
O U2 foi uma das bandas das últimas décadas do século XX que conseguiram aliar virtu e fortuna (nos dizeres de Maquiavel), numa época em que a geração MTV acabava de surgir. Os anos oitenta foram pródigos numa nova musicalidade e trouxeram tantos grupos musicais e tendências memoráveis no rock, tornando-o definitivamente a expressão musical mais popular e globalizada do planeta, que se torna difícil até os enumerar, graças à difusão da música pela televisão, a volta da cultura das rádios mediante o enfraquecimento dos festivais e dos shows ao vivo, e pelos movimentos políticos engajados pelo combate a fome na África (como o Live Aid), a defesa da queda do muro de Berlim, e pelo fim do apartheid na África do Sul. Artistas como Michael Jackson e Madonna ( nos EUA e depois no resto do mundo), bombaram nesse período, mas também foi nessa época que o termo Britt Pop passou a ser utilizado. Na verdade, o rock europeu, e, em especial, a música do estilo produzida na Grã-Bretanha, ainda estava de ressaca do punk, e devia ao mundo gigantes musicais produzidos nos anos 60, como Beatles e Rolling Stones. Começaram a surgir nos anos oitenta bandas épicas, que marcaram a vida e a trajetória de qualquer um que seja hoje quarentão ou esteja entre seus trinta e poucos anos. Foi uma avalanche de bandas boas e memoráveis, oriundas do Reino Unido, que fizeram ressuscitar todo um sentimento de nostalgia no novo milênio, como The Cure, New Order, Depeche Mode, Simple Minds, A-ha (da Noruega, mas lançada na Inglaterra), Suede, The The, e talvez uma banda com tanto ou mais carisma que os irlandeses do U2: a banda The Smiths, do poeta bardo Steven Patrick Morrysey.
No Brasil, na mesma época, o marco histórico desenvolvido com o primeiro Rock in Rio, em 1985, nos deu grupos e artistas consagrados nos dias de hoje, como Blitz, Barão Vermelho ( do saudoso Cazuza), Ira, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Titãs, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii,Lulu Santos, Rádio Taxi, Camisa de Vênus e o antológico Legião Urbana, do memorável Renato Russo. Era o começo do Brock, ou Rock Brazuca, com repercussões que são sentidas até hoje. Aqui, o rock deixou, por exemplo, de ser considerado subgênero musical para adolescentes ou produto importado do imperialismo yankee, para se tornar parte integrante da MPB(Música Popular Brasileira). Ouvir U2 e Legião Urbana naquela época, fazia parte das duas faces de uma mesma moeda, na música nacional e internacional, que revelavam sentimentos de juventude, revolta, rebelião contra os valores estabelecidos, mas também paixão, poesia e esperança. Pra quem viveu a época, éramos embalados por Sunday Bloody Sunday na voz de Bono, assim como escutávamos Geração Coca-cola, através do gogó de um jovem Renato Russo.
A música do U2 em seus primórdios revelava o mesmo questionamento político que fazíamos aqui nos últimos anos da ditadura militar, ainda sob o veto da censura, com Lula e seus sindicalistas ainda fazendo muito barulho num recém fundado PT, e no embalo da campanha das Diretas Já. Nosso escapismo era escutar as rádios e comprar os novos discos de vinil das bandas do momento, passando horas intermináveis após a escola tateando nas prateleiras, entre álbuns do U2, do Legião Urbana, e de um sem número de bandas que gostava de colocar na minha antiga vitrola, do 3 em 1, em meu barulhento quarto. Foi nos vídeos do antigo programa de televisão "Som Pop", que vi pela primeira vez os irlandeses do U2, num show antológico em Dublin, com um Bono ainda usando um cafona penteado mullet, enquanto The Edge ainda tinha cabelo e Adam Clayton parecia um nerd saindo de uma loja de bonecas, com aquele cabelão loiro e cacheado, cobrindo uns óculos parabrisa que eu também usava. Os caras simbolizam o espírito da rebelião ou do engajamento politicamente correto. Não eram escrotos, drogados ou viciados em sexo como os Stones, e nem tão pueris ou beatificados quanto os Beatles, autodestrutivos como o pessoal do The Who ou xamânicos como o Led Zeppelin de Jimmy Page e Robert Plant, mas eram carismáticos, jovens e hasteavam a bandeira de uma causa reconhecida como justa no mundo inteiro: o massacre de vidas inocentes e civis nos conflitos pela independência da Irlanda do Norte, entre as lutas do IRA (exército republicano irlandês) contra as forças invasoras da Inglaterra.
Pois é! Se tínhamos aqui na América do Sul a decadência de ditaduras, na Europa dos irlandeses do U2 tinha-se uma economia combalida pelo desemprego, o apogeu do discurso neoliberal e de extrema-direita no Reino Unido, do governo ultraconservador de Margareth Thatcher (aliado do governo da mesma linha do republicano Ronald Reagan nos EUA e amiga íntima do ditador Pinochet do Chile) e o clima ainda pesado da Guerra Fria, num mundo dividido entre dois blocos: dos adeptos do capitalismo, vinculados a Washington, e aqueles integrantes da chamada "cortina de ferro", liderada por Moscou, no bloco soviético. Éramos todos jovens, vivendo num mesmo mundo e numa mesma época, unidos pela luta global contra governos demagógicos, capitalistas e autoritários, assolados pelo medo de um conflito nuclear entre as potências e sofrendo as mazelas do capitalismo com nossa fama de terceiromundistas. Sim! Era muito bom escutar U2, pois a música deles revelava uma causa para qual lutar. Além disso, os caras eram católicos! E apesar de hoje eu ser protestante e antipapista, não deixava de ser interessante uma banda que, em suas letras, falava de Deus e de revolução da mesma maneira enérgica e empolgante que The Edge estremecia multidões nos estádios tocando seus riffs de guitarra, ao escutar a inebriante canção Pride (in the name of love), que falava de Cristo e Martin Luther King, ou New Years Day. "What more in the name of love"????
No livro "Rock and Roll-uma história social", publicada aqui no Brasil pela Editora Record, o historiador Paul Friedlander traça um retrato desse estilo musical, falando no capítulo 18 sobre o rock produzido nos anos oitenta. É digna de transcrição, a passagem em que analisa as letras dos grupos, em termos conclusivos, dizendo que na época, "a história das letras de pop/rock registra uma transmissão de mensagens implícitas e explícitas, relatos, símbolos de rebeldia, mudança social e amor". De fato, é tudo isso que se pode encontrar na música do U2, sendo que nos últimos anos, a banda procurou redimensionar seus conceitos artísticos, sempre mantendo porém um certo estilo, ao flertar com a música eletrônica nos anos noventa, em álbuns como Acthung Baby, Zooropa e o célebre Pop, que valeu a primeira turnê do grupo ao Brasil, da qual este que vos escreve assistiu ao vivo e em cores, em minha passagem pelo Rio de Janeiro, quando a banda aportou aqui para um show memorável no autódromo de Jacarepaguá.
Se na década de oitenta do século passado, o U2 e outros grupos aproveitaram um momento histórico significativo para a música popular, com a revolução através da televisão, via MTV, hoje em dia, a revolução midiática prossegue, mas em outro ritmo, bem mais acelerado e através de outras mídias como a internet, os programas de MP3, o Youtube, os I-pods, e até mesmo os celulares. Os caras do U2 além de bons músicos, são muito bem assessorados profissionalmente e se revelaram excelentes administradores da própria carreira, pois sempre souberam se promover decentemente, utilizando dos recursos mercadológicos das novas tecnologias. Um exemplo disso é que antes do lançamento do novo álbum, os caras já disponibilizavam o novo material através de aparelhos celulares, associando-se a uma famosa marca do setor da telefonia, divulgando seu novo projeto e seus novos vídeos, como também promovendo ainda mais a carreira e engordando suas já adiposas contas bancárias. Quem é que hoje, seja em Nova York, no Nepal, no Malauí, ou num casebre de barro no interior do Maranhão, que não tem, nem que seja um aparelho celular? Pois é! É nesse aparelhinho que agora dão as caras Bono e sua turma!
Mas, voltando aqui ao novo disco, que é o que realmente nos interessa neste artigo, após tantas conexões que fiz entre o passado e o presente da banda de Bono, como eu tinha dito no começo destas linhas, uma banda pode se reinventar mudando tudo o que antes já produziu, arriscando-se a redefinir seu estilo (os caras do U2 já tinham tentado fazer isso nos anos noventa), ou então manter o que está bom, apenas revisitando obras anteriores, numa colagem de antigos riffs e canções, que tão e simplesmente fazem de No line on horizon uma verdadeira autoparódia de tudo o que o U2 já produziu. Como eu já tinha dito, o disco é bom, mas não apresenta nenhuma novidade quanto à musicalidade já conhecida da banda.
Pra se ter uma ideia, ao escutar a faixa de abertura, cujo título é o mesmo do álbum, não há como não deixar de recordar a canção The Fly, eternizada nas rádios, no começo dos anos noventa, no já citado disco Acthung Baby. Já a segunda música Magnificent, com seu refrão grudento, lembra puramente Unforgetable Fire, um dos primeiros discos da banda ( e aquele que os popularizou), juntamente com o álbum War, que também serviu como ícone para o trabalho do grupo, com a lendária logomarca do menino "Radar" em sua capa. É musica pra tocar em FM direto (como, com certeza, irá tocar), e embalar as festas com a gata do lado(que, naturalmente, vai ter que ser fá do U2 pro "xaveco" pegar), nas pistas de dança das boates ao redor do mundo. Ouvindo a música, dá pra perceber porque o jovem grupo norte-americano de Las Vegas, The Killers, foi tão influenciado pelo quarteto irlandês. Já a música seguinte, Moment of Surrender, parece em seu começo que a banda de Bono rendeu-se ao Radiohead, mas logo fica clara a marca do grupo, mostrando que a música trata-se, nada mais, nada menos, que a continuação do projeto alternativo de Bono e The Edge, iniciado com a banda paralela Passengers, mais uma vez na década de noventa (quem é que não se lembra de Miss Sarajevo, cantada por Bono junto com o finado tenor Luciano Pavarotti?). Para quem é fã, é música pra se escutar no escuro, acendendo uma vela (catolicamente falando, como é bem do estilo do grupo). O ritmo prossegue o mesmo, mas com um certo ar mais lírico, ao se ouvir a canção que segue, Unknown Caller, mais chegada a um certo esoterismo, com um lance meio de guitarra mística tocada por The Edge, porém seguida da batida meio tribal e característica de Larry Mullen, e o jeito de canção gospel, bem ao estilo de If God send his angels, de discos mais recentes, como o também bom All That You Can Leave Behind.
Agora a música da metade do disco que se segue, a quinta canção, meio que fazendo um marco proposital no interior do álbum, talvez muito pela influência do produtor da banda Brian Eno (ex-Roxy Music), é a faixa mais pop, mais baba, mais comercial, e mais "papai, quero tocar na FM". É a típica balada romântica e animada que aparece, de vez em quando, nas obras do U2, e que serve como ótimo motivo pra chamar a ex-namorada pra sair e tocar no carro. Como diria meu amigo cineasta, Aristeu Araújo, com seu bom humor sarcástico, a música é bem "romantiquinha", mas não deixa de ser bacana por causa disso. Ou alguém aqui vai dizer que nunca cantarolou "With or Without You, do célebre álbum Rattle and Hum? Para Rodrigo Salem, crítico da revista Rolling Stone Brasil, é Bono Vox querendo ser Justin Timberlake (arrrghhh!!! essa doeu!), mas aí é outra história.
Meio que saindo um pouco do romance, eis que após a quinta faixa surge a canção Get on your Boots, mostrando bem o quanto Bono permanece antenado às novas gerações. Pois não há quem me diga ou convença que o electro-rock movido a Red Bull dessa música não tenha influência em seus riffs, da dupla White Stripes. É música agitada boa pra contrastar com a meiguice da canção anterior. Depois, como que seguindo na influências de outros ritmos aliados ao rock, vem a canção Stand up Comedy, com influência da black music, e as letra irônica e politizada de um Bono ainda em boa forma. Lembra Until the End of the World, outro megahit tocado à exaustão na década de noventa, também do ultracitado álbum Acthung Baby. A próxima música Being Born, volta ao projeto Passengers, com um pingo de Pop, com uma pitada de Last Night on Earth do disco referido, pra talvez voltar a ser uma música tipicamente eletrônica, como que num disco do Depeche Mode. Depois segue outra música marco do disco, White as Snow, considerada pelos críticos de algumas revistas a mais bela das produções recentes do U2, e talvez uma das mais adultas, por tratar em sua letra, da triste história de um soldado que morre no Afeganistão. É o U2 voltando a sua veia politicamente correta ou altamente politizada, bem ao sabor dos tempos em que Bono cantarolava Sunday Bloody Sunday. A penúltima música, Breathe, apresentada inicialmente à mídia e candidata a ser um dos singles do álbum, e faixa de propaganda, tocada com exclusividade no programa de David Letterman nos EUA, talvez seja uma das que eu mais goste:simplesmente visceral, forte, marcante, rebelde, viril, como o U2 que conheci quando era adolescente, e que me deixou embasbacado, confiante e com vontade de sair às ruas para protestar, correndo atrás dos meus sonhos. É a canção com The Edge mais solto como nunca, esbanjando a competência na guitarra que lhe é devida, fora suas sabidas limitações como virtuose, fazendo o que ele mais sabe: riffs de guitarra extremamente bacanas e que são escutados e reconhecidos pelo até mais surdo dos mortais!
A canção de encerramento, como em todo disco do U2, tinha que ser uma canção mais intimista, pois Cedars of Libanon é bem a cara de um Bono mais poeta, que deixa para o final, juntamente com os teclados belamente arranjados por Brian Eno, que os ouvidos mais sensíveis escutem como um sussurro a melodia pós-moderna que trata de temas da atualidade, como a massificação da mídia, a guerra, os conflitos globais, os vícios e as incertezas do período, com uma sonoridade mais filosófica, menos romântica, mas elegantemente bela.
Para os quase cinquentões do U2, não deixa de ser encarado como um "ufa" a exclamação final ao encerrar mais um ciclo em que apresentam ao mundo um trabalho regular, longe de ser uma obra-prima, mas que tem sim, seu reconhecido valor. Talves No line on horizon seja melhor que os últimos discos da última safra pró-século XXI, ou década de dois mil da obra da banda irlandesa, mas, com certeza, não é o melhor álbum de sua história. E nem poderia ser, até porque qualificar qual é o melhor disco não é tarefa dos músicos e nem dos críticos, mas sim do próprio público, dos fãs que aguardam ansiosos um novo material ou dos novos fãs que podem ser arrebatados, nas novas gerações que vivem de baixar música na internet ou ver vídeos no Youtube, e não fazer, como eu fazia, agora dinossauro, ao procurar música na década de oitenta, passando horas nas lojas de discos, ouvindo meus artistas e bandas prediletas.
É isso! Como diria o crítico de música André Barcinski, dentre as 100 melhores bandas de rock do século XX, o U2 é a banda "brega" mais legal do planeta. Sim, pois o que os caras fazem é um rock pop de qualidade, sem grandes especulações filósoficas ou rítmicas como os discos do Radiohead, ou as viagens do rock progressivo do Pink Floyd ou de um Genesis da década de setenta, na fase com Peter Gabriel. Os caras nem tampouco são operísticos ou ricamente teatrais como eram os caras do Queen, com o finado e saudoso Freddy Mercury nos vocais, mas tem sim seu valor e muito valor. Barack Obama que o diga, um dos fãs confessos da banda, responsável pelo convite feito aos músicos para tocar no dia de sua posse, em frente ao Lincoln Memorial Center, em Washington, no começo deste ano. Você quer moral maior do que essa? It's only rock and roll, but I like it!!!!!
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