domingo, 18 de janeiro de 2009

A FAIXA DE GAZA E O TERRORISMO CONTEMPORÂNEO

Como se trata de um espaço onde tudo se conecta ou se interconecta (em respeito à reforma ortográfica) numa multidisciplinariedade ( como preferem os morinanianos adeptos da complexidade), não poderíamos deixar de iniciar os trabalhos nesse blog tratando tanto do conflito em Gaza, quanto da polêmica sobre a concessão de asilo político a Cesare Battisti, no controvertido parecer do Ministro da Justiça Tarso Genro. Em ambos os casos, a palavra "terrorismo" soou forte, como se na chamada sociedade de risco de hoje, tudo terminasse não em samba, mas sim em terrorismo. Em Gaza Israel justificou seus ataques ao povo palestino e as mortes de milhares de crianças, velhos e mulheres inocentes, alegando seu legítimo direito de defesa diante dos ataques terroristas do Hamas. Da mesma forma, do outro lado, aqueles que advogam a causa Palestina, afirmam que Israel utiliza-se do terrorismo de Estado, na forma de ataques indiscriminados a civis inocentes nos bombardeios em Gaza, num excesso criminoso em que a desproporção da reação israelense é tão grande em relação aos ataques desferidos pelos foguetes do Hamas, que na verdade o ofendido é o terrorista, e não a vítima.
E no Brasil? Enquanto o ministro das relações exteriores Celso Amorim preocupa-se em representar o Brasil no conflito do Oriente Médio e não fazer feio a nossa diplomacia, encarregada de candidatar a Pátria Amada a um assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU, o mesmo ministro se aborrece com a suposta leviandade ou a "barbeiragem" diplomática de seu colega de ministério, nosso ministro da Justiça Tarso Genro, acerca da decisão do último de, contrariando as orientações do CONARE (Comitê Nacional de Refugiados) e o eminente parecer do procurador geral da república, quando o nobre ministro gaúcho decidiu não conceder a extradição de Cesare Battisti, também suposto terrorista, vinculado à extrema-esquerda italiana nos anos de chumbo, acusado de crimes enquanto compunha um grupo armado, durante a década de setenta na Itália. Não foi de se surpreender a indignação do governo italiano, acusando inclusive o Brasil do presidente Lula de ser um país conivente com o terrorismo internacional, graças ao esdrúxulo e ideológico até a raiz dos cabelos parecer do nosso digníssimo ministro da Justiça ( ideológico sim, vide qual foi o entendimento do ministro Tarso durante o Pan do Rio, em relação aos atletas cubanos que alegaram a mesma condição de refugiados políticos). Enfim, tudo descamba em terrorismo. Para o Ministério Público do Rio Grande do Sul, por exemplo, o MST faz terrorismo, assim como para o governo da Colômbia e para os EUA, as FARC são terroristas.
Não tem jeito! Estamos cercados de terroristas. Se entendermos o terrorismo todo e qualquer ato premeditamente direcionado à população civil, que provoque algum tipo de estrecimento ou comoção social, o mundo respira terrorismo. Resta dizer se somos vítimas também do terrorismo dos banqueiros e dos investidores americanos, responsáveis pela maior crise econômica dos últimos tempos desde o New Deal, após o crack da Bolsa de Nova Iorque em 1929. Ou o terrorismo de Estado da era Bush com a manutenção de prisioneiros ilegais na base militar de Guantánamo, ou os governos europeus que, como a Inglaterra, tem uma polícia que persegue e mata civis inocentes tão e simplesmente por parecerem suspeitos, como ocorreu no triste caso de Jean Charles de Menezes. Ou para não ir muito longe, o terrorismo do BOPE nos morros cariocas, transformando em festa macabra com direitos a fogos de artifício o extermínio de pretos pobres e favelados dos morros cariocas, a pretexto de combate ao narcotráfico, tão alardeado no terrorismo cinematográfico bombardeado nas telas de cinema com o filme Tropa de Elite, tão bem aclamado no Festival de Berlim. Tudo é terrorismo, e só resta saber se vamos escapar ao terrorismo dos Planos de Saúde com seus aumentos de mensalidade mediante a aterrorizante situação caótica da saúde pública no país, ou o terrorismo aos cofres públicos perpetrados por antigos Lalaus ou Marcos Valérios da vida, ou modernos Daniéis Dantas, de hoje em dia. Haja tanto terrorismo!

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