sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O QUE SERÁ DA MAÇÃ?

Recentemente soube do novo abalo do mundo dos negócios. Trata-se da possível, inevitável e iminente saída de Steve Jobs da Apple, companhia que preside e ajudou a criar. Doente em função de um câncer de pâncreas, pode ser que o cara nunca volte e que agora sua licença para tratamento de saúde seja, na verdade, uma melancólica despedida.
Mas por que falar desse sujeito nas conexões deste blog? Pra quem não conhece a história do cara, não é do meio corporativo ( assim como eu não sou) ou tá pouco se lixando pra computadores ou pro que diabo é Apple, informo que Steve Jobs não é apenas mais um executivo bem sucedido norte-americano. Na verdade foi ele que, em 1977 inventou o computador pessoal, o personal computer, ou simplesmente PC.
Para os mais jovens que não conhecem isso, numa época em que crianças e adolescentes (entre eles eu) iam para os cinemas se encantar com Guerra nas Estrelas de George Lucas, na década de 70 da novela Dancing Days (ai Sônia Braga, que saudade!) dos tempos da discoteca, dos seriados Kojac ou Baretta na televisão, com o fim do Vila Sésamo, no tempo do uso dos cigarros Continental e a efervescência de Opalas, Caravans e Mavericks no trânsito, computador ainda era sinônimo de filme de ficção científica. Eram aquelas latas de aço enormes, repletas de botões, umas tinham até alavanca e tinha modelos muito parecidos com os usados pelos personagens de Jornada nas Estrelas, toda vez que o capitão Kirk dava um esporro no Senhor Spock ou se ouvia lá atrás a risada do Doutor Mccoy. Internet então era coisa do exército americano pra espionar e saber o que rolava na Rússia(antiga União Soviética) nos mais agudos tempos da Guerra Fria.
Pois foi nessa época que um moleque, um jovem recém saído das baladas dos Bee Gees nas primeiras FMS da época, tornou-se o Professor Pardal da nova era midiática, e revolucionou o mundo transformando aqueles monstros metálicos e esquisitos naquilo que conhecemos hoje como computador(primeiro os desktops ou computadores de mesa, depois vieram os notebooks). Nascia a Apple. Como um Adão atrevendo-se a comer da árvore do conhecimento, Jobs intrometeu-se no mundo das máquinas, tornando-as acessíveis a nós pobres mortais. Sem Jobs não haveria portanto Keanu Reeves interpretando Neo em Matrix. Sem Jobs não haveria computadores em escritórios, acabando com a rotina maçante das máquinas de escrever e suas borrachas ou erroex. Sem Jobs o mundo virtual não existiria, e a vida poderia ser bem mais chata, ou, no mínimo, primitiva!
Muito se fala do Bill Gates, de como ele revolucionou a informática criando o Windows, de como essa empresa foi a logomarca da última década e de como pessoas como eu e você, hoje aos quarenta ou com trinta e poucos anos aprenderam o bê-a-bá da computação usando o produto do figurão Gates. Ocorre que poucos se lembram do rapaz da maçã. Durante esse período, quando achavam que Jobs tinha jogado a toalha ante o monopólio da Microsoft, o azarão correu por fora, comendo pelas beiradas, caladinho engolindo sapos enquanto sua mente engenhosa pensava naquilo que só aquele homem sabia efetivamente fazer, ou seja: engenhocas.
Se eu fosse falar aqui e conectar com outras áreas tratando de comparações, naturalmente revelarei minhas preferências. E aí vai: pra mim Jobs e Gates estão como que Piquet para Senna na fórmula 1 dos computadores. Tá certo que vocês vão me dizer que Airton Senna virou ídolo, mito, herói, sobretudo depois de ter batido as botas na curva Tamborello ( que Deus o tenha!), mas, assim como Piquet, Jobs foi pioneiro e tinha mais talento, enquanto Bill Gates ficou com toda a fama e os milhões a mais. Se fosse na música a gente podia comparar ambos como: de um lado os Beatles, e de outro os Rolling Stones. Os Beatles acabaram logo depois de muita briga, e a empresa do Gates também brigou com a mídia e a opinião pública após ser acusado e processado por monopólio, acabando por sair "à francesa" do mundo dos negócios. Já Jobs, mesmo velho e doente pra burro, assim como os Stones de Keith Richards com sua tosse expectorante, permaneceram em cena, e devem permanecer até o dia que abotoarem de vez e subirem aos céus ( ou será o inferno no caso da banda de Mick Jagger?). Até na vestimenta Jobs inovou. Num tempo de executivos classudos de terno e gravata, com cara de nerd, clones ou gêmeos idênticos a um certo Bill Gates, Jobs preferiu o expediente de trabalhar sem gravata, sempre de camiseta, calça jeans e par de tênis, acompanhado de sua indefectível garrafinha de água mineral.
Por falar em música, Jobs revolucionou de novo não só a tecnologia, como também o mundo da música quando, aproveitando-se do surgimento do MP3, criou aquele aparelhinho simpático, do tamanho de um celular, que hoje a gente vê pendurado no ouvido de todo mundo, seja no metrô de um ambiente urbano como São Paulo ou nos cafundós do Judas como a divisa do Brasil com o Uruguai, como Chuí. Sim, eu estou falando deles, os populares, simples mas sofisticados I-Pods.
Na era da sociedade global digitalizada até o Obama tem o seu para escutar suas músicas de Bob Dylan e Stevie Wonder. O cara conseguiu sacudir a indústria musical, aposentar o CD, e ainda por cima dar um toque nostálgico de revival através de uma nova safra de aparelhos de música que lembram os antigos walkmen, também típicos da aludida década de setenta. Quem é que precisa comprar CD em loja agora se você pode baixar tudinho pela internet ou gravar no seu computador de um amigo e armazenar milhares e milhares de música num aparelho que cabe na palma de sua mão? Graças a tecnologia inventada (ou no mínimo aproveitada) pela Apple, acabaram-se aquelas infernais prateleiras onde eu nunca achava o meu disco predileto, mesmo que organizasse tudo em ordem alfabética (uma verdadeira heresia para os autênticos colecionadores). Através de um verdadeiro jukebox portátil, qualquer um virou seu próprio DJ, abalando e ainda por cima cativando umas gatinhas ao chegar nas festas ou nos bons pedaços da garotada levando um trambolho daqueles, ligando numa tomada e num amplificador, e botando o som pra rolar a noite inteira, por horas, quem sabe por dias, semanas, ou até mesmo meses. Como poderia ter dito o filósofo Zeca Baleiro:"Kd vinil, quando é que tu vai comprar I-Pod?"
Já sei o que responder quando alguém quiser me perguntar se posso tocar sua música predileta:"Ihhh! Pod!" Depois de revolucionar o mundo da música, Steve Jobs acabou também por se intrometer no mundo da velha comunicação telefônica, fazendo um verdadeiro mosaico, uma autêntica colagem das mídias existentes criando o I-phone. Apesar do preço ainda salgadinho, quem é que não quer ter um aparelho utilitário que funcione ao mesmo tempo como telefone, toca-discos, aparelho de vídeo, câmera fotográfica, navegador de internet, e, quem sabe um dia, até fazer cafézinho? Só faltava ao homem entrar no lucrativo mercado das sex shops, revolucionando o ramo, e também encontrar uma utilidade sexual para suas modernas invenções, se é que já não tem.
É simplesmente um mito no mundo corporativo haver pessoas insubstituíveis. Claro que isso se aplica a funcionários e subordinados, mas não ao dono da empresa. Sobretudo se esse dono é um grande inventor quanto Jobs. O cara, que tem trabalho até no nome ("job"), botou a cuca criativa pra funcionar e proporcionou ao mundo uma série de invenções que, ao contrário da aviação ou da indústria das armas, poupou de trantornos e aborrecimentos muita gente. Será de fato uma perda irrecuperável para a empresa Apple a perda de seu principal protagonista. O que será da Apple sem Steve Jobs? O que seria do Queen sem Fred Mercury ou do Legião Urbana sem Renato Russo? Aí fica difícil, e muito sem graça!
E tem mais. Tô doido pra comprar meu I-phone! Viva a tecnologia! Viva a maçã! Que Deus te abençoe e cuide da tua saúde, Jobs!

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Gates e Jobs

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GAZA

GAZA
Até quando teremos que ver isso?